Movimento de cuidados com a pele é cada vez mais frequente em jovens; especialistas dão dicas de como realizá-lo de forma segura
A busca por uma pele saudável e livre de manchas e "imperfeições" está cada vez mais comum entre crianças e adolescentes. Vídeos de rotina de cuidados com a pele entre os membros mais jovens viralizam constantemente nas redes sociais, com a trend de skincake infantil. Produtos geralmente indicados para pessoas mais velhas, como ácidos e retinols são vistos nos registros, e podem acabar sendo utilizados sem orientação correta.
O universo do skincare (cuidados com a pele) para os mais jovens demanda uma abordagem especial, considerando as particularidades e necessidades da pele dessa faixa etária, que ainda está em desenvolvimento. O uso de produtos para a pele pode trazer benefícios significativos, isso é um fato. Mas é essencial compreender os riscos e cuidados necessários para garantir que esses tratamentos sejam seguros e eficazes.
Para entender mais sobre o skincare para crianças e adolescentes, a reportagem conversou com especialistas da saúde da pele, que dão dicas e explicam riscos e cuidados.
Crianças e adolescentes podem se beneficiar de uma rotina básica de skincare, especialmente em relação à proteção solar e hidratação. No entanto, o início dessa rotina deve ser gradativo e adaptado às necessidades específicas de cada faixa etária, indica a dermatologista Michele Kreuz.
A também dermatologista Ana Carolina Sumam ressalta uma atenção especial à crianças que possuam condições mais específicas, como dermatite atópica, doença crônica e inflamatória que vem de uma pele seca e se caracteriza por coceira intensa, e surgimento de erupções e crostas. Neste caso, uma rotina de cuidados deve ser intensificada e é necessário um tratamento especial que deve ser visto com um profissional da área.
Segundo as profissionais, para crianças muito pequenas, o foco deve ser somente na proteção solar e em um sabonete para pele sensível. Dos 10 a 12 anos, quando as mudanças hormonais começam a surgir, uma rotina de skincare mais estruturada pode ser introduzida. "Nessa idade, pode-se incluir a limpeza suave e a hidratação, além da proteção solar, para começar a preparar a pele para as mudanças que virão na adolescência", explica Michele Kreuz.
"Nessa idade os jovens também já podem começar a utilizar alguns ácidos, mas a gente evita o ácido retinóico, a não ser em casos mais específicos, como os de uma acne mais intensa, mas estes precisam vir acompanhados de um tratamento dermatológico", diz Ana Carolina. "Aí lá pelos 18 anos, ou até um pouquinho antes, esse público já pode usar também antioxidantes, como uma vitamina C, por exemplo, e o ácido hialurônico".
Michele Kreuz detalha os tipos de produtos que podem ser usados para cada faixa etária.
Crianças de 0 a 6 anos:
Protetor solar: fundamental para prevenir danos causados pelos raios ultravioletas. Deve ser usado diariamente, especialmente ao ar livre. O ideal é utilizar protetor solar físico ou mineral, que são mais suaves para a pele sensível das crianças e com menos probabilidade de alergias.
Hidratante suave e para peles sensíveis: em caso de pele seca ou eczema, um hidratante específico para bebês ou crianças pode ser fundamental.
Crianças de 7 a 12 anos:
Protetor solar: continua sendo indispensável, com reaplicação regular durante o dia.
Sabonete suave: Durante essa fase, um sabonete líquido suave, sem fragrâncias ou corantes artificiais, pode ser usado para a limpeza da pele.
Hidratante: um hidratante leve pode ser necessário para áreas mais ressecadas.
Adolescentes (a partir dos 12 anos):
Limpeza facial: a introdução de um sabonete facial suave, de preferência sem sulfatos e indicado para peles jovens, ajuda a controlar a oleosidade e prevenir a acne.
Protetor solar: deve continuar a ser usado diariamente, com FPS adequado, preferencialmente oil-free para peles oleosas.
Hidratante: um hidratante adequado ao tipo de pele (leve e oil-free para pele oleosa, mais emoliente para pele seca).
Produtos para acne: se necessário, podem ser introduzidos tratamentos para acne, como produtos com ácido salicílico ou peróxido de benzoíla, mas sempre sob orientação de um médico dermatologista.
Manter uma rotina de skincare sem a orientação de um profissional de saúde pode levar a vários problemas, afirmam as dermatologistas. São eles:
Produtos inadequados: crianças e adolescentes podem usar produtos inadequados para o tipo de pele, levando a irritações, alergias, e até ao agravamento de condições como acne ou eczema.
Danos a longo prazo: o uso excessivo de certos ingredientes, como ácidos e retinoides, pode danificar a barreira cutânea, causando sensibilização e outras complicações.
Desenvolvimento de condições: uma rotina mal estruturada pode não apenas ser ineficaz, mas também agravar problemas de pele existentes ou mesmo desencadear novos, como dermatite de contato.
"É crucial que qualquer rotina de skincare para crianças e adolescentes seja simples, segura e orientada por um dermatologista, para garantir que os produtos e práticas escolhidas sejam adequados à idade e às necessidades individuais da pele" diz Michele.