Controle da hipertensão não é feito apenas com remédios, mas também com mudanças no estilo de vida. Alguns alimentos e atividades são eficazes - e cientificamente comprovados - para redução da pressão e da mortalidade pela doença
O controle da pressão alta não é feito apenas com remédios. Quem recebe o diagnóstico de hipertensão também precisa adotar um novo estilo de vida. Essa mudança envolve várias frentes, como alimentação, exercícios físicos e a diminuição do estresse.
Pequenas alterações nos hábitos do dia a dia podem ser cruciais para barrar a evolução da hipertensão arterial, uma doença sem cura e que vem registrando uma alta nos números de mortalidade.
Hoje, são cerca de 38 milhões de brasileiros com pressão alta e a taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes cresceu 59% em dez anos.
Chocolate, banana e beterraba são alguns dos alimentos que ajudam a diminuir a pressão arterial. O simples gesto de levantar da cadeira por cinco minutos a cada meia hora sentado também pode fazer uma grande diferença na saúde de quem é hipertenso.
Confira abaixo cinco alimentos e atividades que realmente ajudam a reduzir ou controlar a pressão e o que a ciência e os especialistas dizem sobre cada um deles:
Ter uma vida sedentária é quase pedir para ter pressão alta. O sedentarismo leva ao endurecimento das artérias, que leva à obstrução da passagem do sangue, que leva à sobrecarga do coração - um processo nada bom para o corpo e que se agrava com o envelhecimento.
Por isso, atividades e exercícios físicos são eficazes para diminuir a incidência de hipertensão arterial, podendo reduzir o risco de mortalidade de 27% a 50%, segundo estudos científicos.
De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, "a redução do tempo sedentário, mesmo que por curto período de tempo, diminui o risco de mortalidade" pela doença.
Levante da cadeira: ficar em pé por cinco minutos a cada meia hora que passar sentado já ajuda a combater o sedentarismo.
150 minutos por semana: é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para quem quer fazer atividades físicas e melhorar a saúde como um todo.
Para a maioria, não é fácil. Vários esbarram na falta de tempo e de condições estruturais e financeiras para encaixar a atividade física no cotidiano.
"É muito fácil apontar o dedo para paciente e falar 'você tem pressão alta, está sedentário e não cuida'. Nós precisamos entender todo um contexto. A implementação de um estilo de vida saudável passa pelo acesso à comida de qualidade e barata e pela existência de espaços públicos seguros para se fazer uma atividade física", diz Luciano Drager, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês.
Procure sempre ajuda de um educador físico antes de começar a se exercitar.
O estresse faz parte da vida, não tem jeito. Mas controlá-lo é crucial para manter a pressão arterial em níveis normais.
"Não existe não ter estresse. O paciente precisa então fazer um manejo melhor do estresse, buscar momentos de respiro, de equilíbrio", diz o cardiologista Luiz Bortolotto, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
Os estudos científicos ainda são limitados, mas há pesquisas que apontam que terapias comportamentais e voltadas para o relaxamento, como respiração lenta, meditação e ioga, podem ajudar na redução e no controle da pressão alta.
O importante é cuidar da saúde mental, segundo especialistas. Buscar atividades que façam bem não só para o corpo, mas também para a mente, como curtir a família no fim de semana ou entrar em contato com a natureza. Tudo isso ajuda, principalmente para quem já tem diagnóstico de hipertensão.
O cacau, matéria-prima do chocolate, pode estar relacionado a uma redução de 2,5 até 4,5 mmHg (milímetros de mercúrio) na pressão arterial, de acordo com ensaios clínicos.
Uma das explicações para isso está relacionada aos flavonóides e a outros compostos com ação antioxidante e anti-inflamatória presentes no cacau. Eles estimulam o aumento no óxido nítrico no organismo, um neurotransmissor que ajuda a melhorar a circulação sanguínea.
O cacau pode ser ingerido através dos chocolates meio-amargo ou amargo (como o 70%). Só fique atento para não extrapolar: são no máximo quatro quadradinhos por dia (30 a 40 gramas). Dá também para consumi-lo em pó, junto com frutas e iogurtes, por exemplo.
Se o sódio em exagero aumenta a pressão, a ingestão de potássio é capaz de diminuí-la.
O potássio é um mineral que provoca o relaxamento das artérias, facilitando a circulação sanguínea.
Ensaios clínicos randomizados testaram a substituição do sal de cozinha à base de cloreto de sódio por apresentações de sal com baixo teor de sódio e elevado teor de potássio. Automaticamente, houve queda na pressão arterial dos voluntários.
Você sabia? Pesquisas e estudos já mostraram que o brasileiro consome muito mais sal do que potássio: a ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 gramas por dia, acima da recomendação da OMS. Já a de potássio é de 2,7 gramas por dia para homens e 2,1 gramas por dia para mulheres.
Exemplos de alimentos ricos em potássio: banana, abacate, água de coco, abóbora, leite e iogurte desnatados, melão, manga, folhas verdes, atum, feijão, laranja, ervilha, ameixa, tomate e uva-passa.
Esse tipo de alimento deve ser usado como um coadjuvante no tratamento da hipertensão, de acordo com o cardiologista Luciano Drager. Pacientes com doenças renais devem ter atenção ao consumi-los: o melhor é consultar um especialista para adoção de uma dieta adequada para cada um.
A beterraba é considerada um superalimento para o coração.
Ela é rica em nitrato, substância que é transformada em óxido nítrico no organismo que, por sua vez, dilata os vasos sanguíneos, melhorando a circulação do sangue.
Um estudo de 2014 feito com pacientes hipertensos mostrou uma redução na pressão arterial após o consumo de 250 ml de suco de beterraba por mais de quatro semanas, durante todos os dias - a queda média na pressão foi de 7%.
Novamente, cuidado com o exagero: principalmente pessoas com pedras nos rins e diabetes, o ideal é consumir a beterraba com moderação e indicação profissional.
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