Conhecido como mioquimia palpebral, o fenômeno ocorre devido a uma hiperatividade no nervo responsável pelo controle dos músculos da pálpebra
Quando o assunto é saúde, o clássico tremor na pálpebras dos olhos se apresenta como um sintoma quase que universal e que, embora seja bastante comum, nem sempre indica problemas graves.
O oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira, especialista em cirurgia refrativa, catarata, lentes de contato e ceratocone, explica que, cientificamente o fenômeno é conhecido como mioquimia palpebral, ocorrendo devido a uma hiperatividade no nervo responsável pelo controle dos músculos da pálpebra.
Segundo o profissional, muitas pessoas experimentam o diagnóstico, especialmente em momentos de alterações emocionais. "O estresse é um dos principais gatilhos para o tremor na pálpebra. Quando estamos emocionalmente sobrecarregados, nosso sistema nervoso fica mais sensível, o que pode levar à ativação involuntária do nervo facial, que controla os músculos da pálpebra. Esse estímulo nervoso excessivo pode desencadear os tremores", conta.
Outros vários outros fatores também podem desencadear a mioquimia. Entre eles, a falta do sono, cansaço dos olhos, consumo excessivo de cafeína e álcool e deficiências nutricionais.
"A privação de sono aumenta a sensibilidade dos músculos e nervos, tornando-os mais suscetíveis a movimentos involuntários. Enquanto isso, o cansaço ocular, frequentemente causado por longas horas diante de telas ou leitura prolongada, também é um fator comum", conta Tiago.
"Já o consumo excessivo de cafeína e álcool pode estimular o sistema nervoso, agravando os tremores. Deficiências nutricionais, como a falta de magnésio, cálcio ou potássio, podem enfraquecer o controle muscular", acrescenta.
Ainda conforme cita o oftalmologista, o tremor pode estar associado a condições como o olho seco, que, em resumo, é uma síndrome que ocorre quando não há produção suficiente de lágrimas ou quando a qualidade delas é inadequada, que compromete a lubrificação e a proteção da superfície ocular.
"Essa condição pode causar irritação, vermelhidão, sensação de areia nos olhos e, em alguns casos, levar a reflexos nervosos que desencadeiam o tremor palpebral. É importante lembrar que o olho seco pode ser agravado pelo uso excessivo de telas, mudanças hormonais ou uso inadequado de lentes de contato", garante.
Embora parecidos, os sintomas de tremor na pálpebra e no olho, trazem certas diferenças. "O primeiro refere-se exclusivamente aos movimentos involuntários dos músculos das pálpebras, geralmente benignos e transitórios. Já o tremor no olho, conhecido como nistagmo, é uma condição em que o globo ocular apresenta movimentos involuntários, podendo ser horizontal, vertical ou rotacional", explica.
O nistagmo é frequentemente associado a problemas neurológicos ou oftalmológicos mais graves e exige uma investigação mais detalhada. Resumidamente, o tremor na pálpebra é superficial e geralmente inofensivo, enquanto o tremor no olho indica um problema mais complexo.
"Se o tremor persistir por mais de uma semana de forma contínua, ou se ele envolver espasmos mais intensos que fecham a pálpebra completamente, pode ser necessário buscar ajuda médica", afirma.
"Além disso, se o tremor afetar ambas as pálpebras ou estiver associado a outros sintomas, como fraqueza muscular, dificuldade para mover os olhos ou alterações visuais, é fundamental consultar um oftalmologista ou um neurologista, pois esses sinais podem indicar condições mais graves, como blefaroespasmo ou distúrbios neurológicos", entrega.
Para reverter o cenário, é necessário entender a causa subjacente. Geralmente, o tremor desaparece sozinho com descanso e redução do estresse. No entanto, se o problema estiver associado ao cansaço ocular, é indicado fazer pausas regulares durante o uso de telas ou leituras prolongadas.
"Para quem sofre de olho seco, o uso de colírios lubrificantes sem conservantes pode aliviar os sintomas. Caso o tremor esteja relacionado ao consumo excessivo de cafeína ou álcool, reduzir esses hábitos é essencial. Em casos persistentes, pode-se recorrer à aplicação de toxina botulínica (botox), especialmente se houver diagnóstico de blefaroespasmo. Reposição de minerais, como magnésio, também pode ser recomendada, se houver deficiência".
Para aliviar o tremor, o paciente pode recorrer a uma compressa morna sob os olhos, o que ajuda a relaxar os músculos da região, assim como descansar os olhos, fechando-os por alguns minutos.
"Outra opção é massagear suavemente a área ao redor da pálpebra, com movimentos circulares que aliviam a tensão muscular. Se houver sensação de ressecamento nos olhos, o uso de colírios lubrificantes pode ajudar. Além disso, reduzir o consumo de cafeína e evitar o uso excessivo de dispositivos digitais são medidas importantes para prevenir novos episódios", conclui.