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Publicado em 27/12/2024 10:12:04

Maioria dos homens sofrerá de disfunção erétil ao longo da vida

Veja os avanços nos tratamentos desse problema que impacta o bem-estar do homem
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Canva)

Em um estudo, a disfunção 'psicogênica' representou mais de 85% dos casos entre homens com menos de 40 anos

A disfunção erétil é mais comum do que muitos imaginam. Mais da metade dos homens com mais de 40 anos terão algum tipo de problema erétil, e a prevalência aumenta com a idade (embora homens na casa dos 20 e 30 também possam ser afetados). Essa condição pode ter um impacto devastador no bem-estar de um homem. No entanto, um número surpreendente de homens não busca ajuda. Uma pesquisa da indústria sugere que apenas 51% dos homens com disfunção erétil discutiram o problema com seu médico, e ainda menos conversaram sobre isso com seus próprios parceiros.

Não há "nenhuma condição médica que eu conheça que afete mais a vida dos homens", de acordo com o urologista e presidente da Sociedade de medicina sexual da América do Norte, Mohit Khera.

Mas existem tratamentos eficazes, acrescentou ele, além dos medicamentos bem conhecidos, como o Viagra. Esses tratamentos podem incluir bombas de vácuo, injeções, implantes, mudanças no estilo de vida, terapia de reposição de testosterona e terapia sexual. Com uma combinação desses tratamentos, disseram os especialistas, quase sempre é possível melhorar as ereções, mesmo nos casos mais graves.

No entanto, antes de recorrer a qualquer pílula ou bomba (ou aos "suplementos naturais" masculinos vendidos em postos de gasolina), os homens devem fazer um exame de saúde para entender as causas da disfunção, que podem apontar para um problema de saúde mais sério.

— O pênis pode ser visto como um termômetro para a saúde geral da pessoa — diz a urologista Rachel Rubin, especialista em medicina sexual, em Maryland.

 

Por que as ereções falham

Quando os homens estão excitados, o cérebro libera substâncias químicas que fazem os músculos relaxarem e o sangue fluir para o pênis, causando a ereção. Muitos fatores podem fazer com que esse processo falhe. Artérias entupidas e pressão alta podem reduzir a circulação sanguínea; doenças como esclerose múltipla e Parkinson podem interromper os caminhos neurológicos; e traumas pélvicos provenientes de cirurgias, radioterapia ou lesões podem danificar os tecidos penianos.

A frequência e a gravidade da disfunção erétil também podem variar amplamente. Alguns homens enfrentam problemas periodicamente, enquanto cerca de 5% dos homens com mais de 40 anos apresentam disfunção erétil completa. Alguns homens podem acordar com ereções matinais ou consegui-las durante a masturbação, mas têm dificuldade em manter a ereção durante o sexo penetrativo.

 

Encontrando o plano de tratamento certo

Há uma "entendimento crescente de que os indivíduos podem ter expectativas muito diferentes" sobre suas ereções, disse o diretor de saúde masculina, Petar Bajic, do Instituto Glickman de Urologia e nefrologia, em Cleveland. Como resultado, não há uma regra clara para saber quando os homens devem buscar tratamento. Alguns homens podem esperar ter sexo penetrativo com frequência; outros podem se satisfazer com uma ereção suficientemente forte para masturbação.

— Se você não está mantendo uma ereção suficientemente satisfatória para fazer o que quer com ela, então vale a pena conversar com um médico — diz Rachel.

A primeira coisa a considerar é modificar seu estilo de vida. Obesidade, tabagismo, consumo de álcool e drogas recreativas são fatores conhecidos que contribuem para a disfunção erétil. Khera diz que uma dieta saudável e exercícios regulares podem, às vezes, melhorar a força das ereções sem qualquer outro tipo de intervenção.

Também é importante examinar possíveis causas psicológicas, como estresse ou depressão, especialmente entre homens mais jovens. Em um estudo, a disfunção "psicogênica" representou mais de 85% dos casos entre homens com menos de 40 anos.

Além disso, considere os medicamentos que você está tomando. Vários medicamentos prescritos são conhecidos por contribuir para a disfunção erétil, incluindo certos antidepressivos e finasterida, um medicamento que trata a próstata aumentada e a queda de cabelo nos homens.

Levando tudo isso em consideração, médicos e pacientes podem trabalhar juntos para desenvolver um plano de tratamento que inclua mudanças no estilo de vida e, talvez, uma ou mais das seguintes opções de tratamento.

 

Medicamentos orais

Atualmente, existem quatro medicamentos orais aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) para tratar a disfunção erétil: sildenafila (Viagra), tadalafila (Cialis), vardenafila (Levitra) e avanafila (Stendra). Todos funcionam basicamente relaxando os músculos e dilatando os vasos sanguíneos, permitindo que mais sangue flua. Embora os medicamentos orais sejam altamente eficazes, eles não funcionam em cerca de um terço dos pacientes, geralmente nos casos mais graves.

Versões genéricas mais baratas do Viagra e Cialis representam a maior parte das prescrições de disfunção erétil nos Estados Unidos. O Viagra funciona melhor com o estômago vazio e dura de três a quatro horas, enquanto o Cialis deve ser tomado com alimentos e permanece no sistema por até 36 horas. Doses menores de Cialis também podem ser prescritas para uso diário.

Sites de telemedicina, como Hims e Roman, tornaram-se uma forma cada vez mais comum de os homens acessarem medicamentos orais — pelo menos em parte porque os homens podem evitar conversas desconfortáveis com seus médicos e optar por receber o pacote pelo correio.

Embora os preços sejam frequentemente elevados, a Dra. Rubin afirmou que obter medicamentos por meio desses sites pode ser adequado, desde que os homens também estabeleçam uma relação com um médico familiarizado com seu histórico médico. Um estudo de 2020 descobriu que algumas empresas de venda direta ao consumidor seguem apenas parcialmente as diretrizes de triagem da American Urological Association, o que significa que problemas físicos e mentais subjacentes podem passar despercebidos.

 

Dispositivos de Vácuo

Os dispositivos de vácuo peniano — mais conhecidos como bombas penianas — são uma opção surpreendentemente eficaz e não invasiva, especialmente para homens que não obtêm resultados com medicamentos orais. As bombas funcionam ajudando a aumentar o fluxo sanguíneo para o pênis, para que a ereção seja alcançada e mantida com a ajuda de um anel de constrição colocado na base do pênis e no escroto.

— Por cerca de US$ 300 (R$ 1.700), os homens podem ter relações sexuais quando quiserem, pelo tempo que quiserem — diz Khera, referindo-se aos dispositivos médicos.

Embora eficazes e uma boa solução para alguns dos pacientes do urologista, outros os acham incômodos, pois exigem "um pouco de drama" toda vez que querem ter relações sexuais.

 

Injeções

Duas misturas de medicamentos, conhecidas como bimix e trimix, também induzem ereções melhorando o fluxo sanguíneo. Elas são administradas em casa após orientação inicial de um médico. No entanto, os pacientes precisam injetá-las diretamente no pênis de 5 a 20 minutos antes da relação sexual.

— Normalmente, eles dizem: "Espera, você quer que eu coloque o quê onde, agora?" — diz Rachel.

Mas as injeções têm sido usadas de forma segura e eficaz para tratar a disfunção erétil desde o início dos anos 1980. No entanto, ao contrário dos medicamentos orais, elas causam ereções independentemente de o homem estar excitado ou não.

 

Terapia de reposição de testosterona

Níveis baixos de testosterona podem diminuir o desejo sexual e levar a ereções fracas, embora isso raramente seja a única causa da disfunção erétil. Com o tempo, a deficiência hormonal pode fazer com que os tecidos penianos atrofiem, dificultando ainda mais as ereções. A condição é facilmente tratável com terapia de reposição de testosterona, o que também pode melhorar a eficácia dos medicamentos orais. Mas é importante trabalhar ao lado de um médico para monitorar a condição.

 

Implantes

Os implantes penianos, que existem desde os anos 1970, foram o primeiro grande tratamento para a disfunção erétil. Eles continuam sendo uma opção eficaz para homens que não respondem a (ou não gostam) de outros tratamentos. Embora os implantes exijam cirurgia, eles têm uma taxa de satisfação de 93%, segundo um estudo, provavelmente porque os homens podem alcançar e manter a ereção quando desejam, afirma Khera.

Os implantes penianos utilizam cilindros infláveis inseridos por um urologista dentro do pênis. Os cilindros estão conectados a uma bolsa cheia de água, geralmente implantada sob a parede abdominal. O usuário aperta um pequeno dispositivo de bomba (implantado no escroto) para encher o pênis com fluido. Uma válvula de liberação no mesmo dispositivo retorna o pênis ao estado flácido.

 

Remédios questionáveis

E quanto às pílulas de posto de gasolina e anúncios nas redes sociais prometendo ereções mais firmes e duradouras sem visita ao médico ou medicamentos prescritos?

"Compre com cuidado", alerta Rachel. Esses suplementos, às vezes chamados de "pílulas de rinoceronte", não são regulamentados pela FDA, afirmou ela, o que significa que os fabricantes "colocam o que querem neles".

Investigações federais descobriram que os produtos “100% naturais” prometidos por algumas dessas marcas frequentemente contêm os ingredientes ativos de medicamentos como Viagra e Cialis, às vezes em quantidades prejudiciais à saúde.

Tratamentos alternativos para disfunção erétil, como aminoácidos, ginseng e acupuntura, são populares, mas ainda carecem de evidências suficientes para serem recomendados.

Existem várias terapias regenerativas atualmente em fase de pesquisa extensiva, incluindo injeções de plasma rico em plaquetas, terapia com células-tronco e terapia de ondas de choque. Embora algumas tenham mostrado promessas em testes iniciais, diz Khera, "nenhuma delas está pronta para ser usada de forma ampla ainda."

 

Abordando a saúde subjacente e a psicologia

Se os homens não procurarem um médico pelo bem de seu pênis, deveriam fazê-lo pelo bem de seu coração. A doença cardíaca é a causa mais comum de disfunção erétil, que frequentemente é um sinal de alerta para a condição.

Em um estudo, 15% dos homens com problemas recorrentes de ereção sofreram um evento cardiovascular, como um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC), dentro de sete anos após o início do problema. A disfunção erétil também pode ser um indicador precoce de outras condições graves, como diabetes e hipertensão.

Abordar esses problemas por meio de modificações no estilo de vida não só melhorará a saúde geral, como também pode melhorar as ereções sem a necessidade de outros tratamentos.

— Não existe uma pílula no planeta mais forte do que a dieta e o exercício — diz o urologista, que liderou uma meta-análise em 2023 que descobriu que o exercício aeróbico foi tão eficaz no tratamento da função erétil quanto os medicamentos orais.

Fatores de saúde mental — como ansiedade, depressão, estresse e problemas de relacionamento — também podem contribuir para problemas de ereção. E os problemas de ereção, por sua vez, podem causar depressão e ansiedade nos homens, diz a terapeuta sexual e professora na Universidade de Michigan, Daniela Wittman. Quando não tratados, as condições podem se agravar mutuamente, levando à ansiedade de desempenho ou desânimo, acrescentou.

A terapia sexual, que aborda os gatilhos psicológicos e emocionais da disfunção erétil, costuma ser mais bem-sucedida quando usada juntamente com medicamentos orais. Independentemente da causa, no entanto, a maioria dos homens poderia se beneficiar ao aprender como o seu “bem-estar mental e sexual estão interconectados”, acrescenta.

Com uma caixa de ferramentas tão robusta disponível, a Rachel disse que a maioria dos homens não precisa viver com os efeitos da disfunção erétil. A parte difícil é fazer com que os homens procurem ajuda.

— É seu trabalho me ajudar a entender o que está acontecendo com você e o tipo de sexo que você quer — diz ela. E prossegue: — Então, podemos descobrir o melhor plano.

Fonte: O Globo
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