
Uma das principais queixas de quem enfrenta longas horas em frente ao computador, é o ardor ocular. A oftalmologista Nicole Ciotto explica que a prática diária faz com que o paciente pisque menos, reduzindo assim a lubrificação natural dos olhos, favorecendo o ressecamento e, consequentemente, o desconforto.
Segundo a especialista, o uso constante das telas promovem a chamada redução do reflexo de piscar. "Em uma situação normal, piscamos cerca de 15 a 20 vezes por minuto. No entanto, ao focar em dispositivos eletrônicos, essa frequência pode cair pela metade", conta. O resultado, então, é a evaporação precoce da lágrima, e o surgimento de sintomas como ardor, sensação de areia nos olhos, visão turva e, em casos mais intensos, dor ocular.
Muito comum em grande parte da população, o sintoma pode ter diversas causas. "Isso ocorre quando a produção de lágrimas é insuficiente ou de má qualidade, ou quando há evaporação excessiva da lágrima. Fatores ambientais, como ar-condicionado, ventiladores, poluição e exposição prolongada a telas, agravam esse quadro, assim como alergias, infecções ou o uso de produtos irritantes", detalha.
O sinal de alerta deve aparecer quando ao ardor ocular torna-se persistente, interferindo na qualidade de vida. Além disso, quando vem acompanhado de outros sintomas, como vermelhidão intensa, secreção, sensibilidade à luz ou alteração da visão também merece atenção redobrada.
"Nesses casos, é fundamental procurar um oftalmologista para uma avaliação criteriosa, pois pode haver condições subjacentes, como blefarite, conjuntivite, olho seco crônico ou até doenças autoimunes", diz.
Para Ciotto, a melhor abordagem é a prevenção, envolvendo:
Pausas regulares (regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhar para algo a 20 pés de distância – cerca de 6 metros – por 20 segundos);
Manter uma distância adequada da tela (entre 50 e 70 cm) e com o monitor posicionado levemente abaixo da linha dos olhos;
Ajustar o brilho e contraste da tela para reduzir o esforço visual;
Utilizar colírios lubrificantes, conforme orientação médica, para compensar a redução da lubrificação natural;
Controlar fatores ambientais, como evitar a corrente direta de ar no rosto e manter a umidade do ambiente.
Piscar com mais frequência: parece simples, mas piscar conscientemente ajuda a manter a superfície ocular hidratada;
Fazer pausas regulares: essa prática relaxa os músculos oculares e reduz a tensão acumulada;
Iluminação adequada: trabalhar com luz ambiente equilibrada reduz o contraste entre a tela e o ambiente, evitando esforço visual excessivo;
Ajustar a ergonomia do ambiente de trabalho: monitor na altura correta e cadeira confortável previnem o uso inadequado da musculatura corporal;
Higiene ocular e uso de colírios lubrificantes: manter a higiene das pálpebras e usar lágrimas artificiais ajuda a proteger a superfície ocular.