
O Ministério da Saúde iniciou a implementação gradativa de um novo teste molecular para detecção do câncer do colo do útero, na última sexta-feira (15/08). Disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), o exame irá substituir o papanicolau para a detecção do HPV.
O exame detecta 14 genótipos do papilomavírus humano, o HPV. A tecnologia identifica a presença do vírus no organismo antes da ocorrência de lesões ou de câncer em estágios iniciais, inclusive em pacientes assintomáticas. Com o teste molecular, é possível identificar também o subtipo do vírus, caso o resultado seja positivo.
Procedimento é similar ao do papanicolau e envolve a coleta da secreção do colo do útero. Portanto, a mulher ainda precisa passar por um exame ginecológico. No entanto, ao invés de colocar a secreção em uma lâmina, o material é colocado em um tubo com líquido conservante, que vai para o laboratório, onde é feita a pesquisa do DNA do vírus.
A partir do teste DNA-HPV, o intervalo entre as coletas, quando não houver diagnóstico do vírus, passará a ser de cinco anos. O papanicolau será realizado apenas para confirmação de casos em que o teste DNA-HPV der positivo.
Caso seja detectado um tipo de vírus oncogênico, como o 16 e o 18, a mulher será encaminhada diretamente à colposcopia. Se a colposcopia identificar uma doença cervical, a paciente irá seguir para condutas específicas.
Desde 2021, o teste molecular é recomendado como exame primário para detectar o HPV pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O exame é mais eficaz para a redução de casos e mortes causadas pelo câncer de colo de útero por conta de sua maior sensibilidade. A tecnologia utilizada no SUS é nacional, produzida pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Inicialmente, o exame DNA-HPV será ofertado nos estados que apresentam serviços de referência em colposcopia a biópsia. São eles: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, além do Distrito Federal.
A implementação começa com um município em cada estado e será ampliada conforme a finalização da substituição do método. A meta é que, até dezembro de 2026, o rastreio esteja presente na rede pública em todo o território nacional.
É o causador de mais de 99% dos casos de câncer de colo do útero. Este é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres brasileiras, com cerca de 17 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025.
Sintoma mais comum é o surgimento de verrugas em diferentes locais. As lesões podem aparecer na região perianal e genital, como vulva, vagina, colo do útero, além de orofaringe, boca e garganta.
Com vacinação adequada e exames de rastreio organizados, especialistas acreditam que a doença pode ser erradicada em cerca de 20 anos. O rastreio organizado acontece quando o sistema de saúde aborda a população alvo, em vez de esperar que as pessoas procurem auxílio médico. Conforme o Inca (Instituto Nacional do Câncer), é necessário que esta população alvo seja identificada e convocada ativa e individualmente para investigação de eventuais casos de HPV.
É importante reforçar a faixa etária para realização de exame de rastreio e de vacinação. Pelo SUS, o teste é indicado para mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram atividade sexual. Já a vacinação na rede pública é destinada a meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina protege contra os principais tipos de vírus HPV causadores do câncer do colo do útero, mas não todos. Portanto, mesmo vacinada, é necessário fazer o exame preventivo na idade recomendada.
O uso de preservativo contribui para reduzir a transmissão do HPV. Esta proteção, porém, não é total, pois o vírus pode ser transmitido no contato íntimo durante as relações sexuais, mesmo sem penetração e entre pessoas do mesmo sexo.