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Publicado em 23/09/2024 13:29:33

Obesidade controlada

Emagrecer um pouco já reduz o risco de outras doenças
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Freepik)

Doença crônica, a obesidade é também um fator de risco para o desenvolvimento de outros problemas de saúde, como diabetes, infarto, AVC, apneia do sono e até alguns tipos de câncer.

Para entender as melhores formas de encarar esse complexo problema, o painel Obesidade e outras doenças crônicas, apresentado no evento Obesidade: da compreensão à ação, reuniu a médica Cintia Cercato, endocrinologista do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; o cardiologista e doutor em ciências médicas André Feldman; o médico preceptor da disciplina de endocrinologia e metabologia do HC-FMUSP Caio Santiago Moisés; e o chef de cozinha Bruno Salomão.

Mariana Varella, colunista de VivaBem e editora-chefe do Portal Drauzio Varella, mediou a roda de conversa. Ela iniciou o bate-papo apresentando os seguintes dados científicos sobre a obesidade: de acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 13% dos casos de câncer em mulheres e 8% nos homens estão relacionados ao excesso de peso e à obesidade —isso inclui cânceres como de esôfago, pâncreas, rins, fígado e mama.

A American Heart Association mostra que pessoas com obesidade têm 85% mais risco de desenvolver doenças cardíacas. Além disso, a obesidade está ligada a problemas como a apneia do sono, que aumenta em cinco vezes o risco de se desenvolver diabetes tipo 2.

"Ou seja, estamos falando de um problema de saúde grave, que tem aumentado e aumentado muito o risco do que chamamos de doenças não transmissíveis, um problema hoje na maioria dos países ocidentais", alertou a jornalista.

Na sequência, a endocrinologista Cintia Cercato fez questão de desbancar um dos principais mitos relacionados à obesidade —o de que o excesso de peso, se não associado a outras doenças, é inofensivo. "Precisamos informar que, mesmo nos casos em que todas as taxas da pessoa estão dentro dos níveis normais, ela carrega um risco de mudança no status de saúde metabólica."

"Algumas coisas chegam antes, outras depois, mas a conta vai chegar", concordou André Feldman. "Por isso, temos que olhar lá para frente."

Sobre a relação da obesidade com doenças cardiovasculares, o médico deixou claro: "Para o paciente portador de obesidade, [essa relação] é o que mais mata —e doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo."

"A obesidade leva ao aumento de colesterol, o que aumenta a chance de formação de placas de gordura no cérebro, podendo causar um AVC, um derrame. No coração, [essas placas] podem levar ao infarto."

 

Perder um pouco de peso já reduz o risco

Os especialistas esclareceram que, durante o tratamento da obesidade, é muito importante o paciente saber que ele não precisa perder todo o excesso de peso para ganhar saúde. Ao emagrecer alguns quilos, o risco de várias doenças já diminui e ele entra no que os médicos chamaram de "obesidade controlada".

"Para ganhar saúde, você não precisa chegar no peso ideal —o importante é ter um estilo de vida melhor", afirmou Cercato. A médica listou alguns benefícios encontrados em pesquisas:

Ao emagrecer 3% - A fertilidade aumenta;

Ao emagrecer 5% a 7% - A glicemia melhora, o que reduz o risco de diabetes e resistência à insulina;

Ao emagrecer 10% - Diminui o risco de eventos cardiovasculares;

Ao emagrecer 16% - Reduz o perigo de morte precoce.

"Para iniciar essa jornada da melhor maneira, é importante contar com o apoio de uma equipe competente, que vai analisar o caso individualmente, entender suas necessidades e, assim, realmente delinear a melhor estratégia. Não existe receita nem método único —e isso vale, inclusive, para a prática de atividade física e a dieta", reforçou Caio Santiago Moisés.

Para engajar o paciente no tratamento, que não é rápido, além de orientar sobre os riscos, é importante que o lado bom e positivo do cenário fique claro, de acordo com o médico. Ainda assim, ele lembra que não se trata de uma jornada reta, mas com curvas, eventualmente mais fechadas ou mais abertas.

 

Na prática

Durante o painel, o chef Bruno Salomão contou a história de sua jornada, que engloba diversos elementos citados pelos especialistas. Obeso desde a adolescência, atingiu 168 kg aos 32 anos e sofreu com muita dor nos joelhos, problemas de respiração, insônia, pré-diabetes, pressão alta e baixa libido.

O apresentador do canal do YouTube "Cansei de Ser Chef" também teve diversos episódios depressivos e relacionou sua obesidade com o fato de ter sido uma criança LGBT, ter crescido em uma sociedade extremamente masculina e ter utilizado o álcool e a comida como forma de inserção e autopunição.

"Eu estava tão pesado que não conseguia subir uma escada. Cheguei a um ponto em que sentia um ódio pessoal contra mim mesmo tão grande que não tinha mais pra onde ir. Então, tomei uma decisão e, no dia 10 de janeiro de 2022, comecei minha jornada contra a obesidade. O processo teve início com psicanálise, depois passou por dieta —-incluindo a eliminação o consumo de álcool— e tratamento orientado por médicos."

Em um ano, ele perdeu 60 kg. Foi aí que passou a fazer atividade física —o powerlifting (tipo de levantamento de peso), que virou uma paixão. Dois anos depois, chegou aos 115 kg e segue firme em sua jornada. Hoje, tem novos hábitos e apenas 9% de gordura corporal.

 

Não é só quanto peso você perde, mas quanto de vida ganha

O painel A Jornada na Luta Contra a Obesidade aprofundou as discussões sobre as dificuldades psicológicas, sociais e físicas enfrentadas durante o tratamento da doença que afeta mais de 50 milhões de pessoas no Brasil. Na conversa, os especialistas reforçaram que é importante reforçar os aspectos positivos da jornada do emagrecimento para se manter fiel à trajetória —sem, é claro, negar os pontos negativos.

Fonte: VivaBem / UOL
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