Instalação de estações disseminadoras de larvicida (EDLs) para o controle do mosquito em áreas vulneráveis é baseada em pesquisas da Fiocruz para reduzir os casos de dengue, Zika e Chikungunya
O Ministério da Saúde está implementando uma nova estratégia para combater o mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya. A iniciativa envolve a instalação de estações disseminadoras de larvicida (EDLs), desenvolvidas com base em estudos sobre os hábitos de oviposição – quando a fêmea do mosquito expele seus ovos.
Essas estações contêm feltros impregnados com minúsculas partículas de larvicida. Quando a fêmea do Aedes aegypti deposita seus ovos no recipiente, o larvicida impede o desenvolvimento dos ovos. Além disso, a fêmea contamina suas patas com o larvicida e o dissemina em outros locais, aumentando a eficácia do controle.
O projeto, que começou como uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) há cerca de sete anos, agora é uma política pública do Ministério da Saúde. A implementação está focada em áreas de difícil acesso, como comunidades vulneráveis de regiões periféricas, cemitérios e loteamentos, onde os agentes de controle de endemias enfrentam maiores desafios.
De acordo com o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, Rivaldo Cunha, resultados de testes preliminares realizados em Belo Horizonte mostram uma redução significativa nos casos de dengue e na infestação pelo mosquito. Outras localidades como Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro, também receberam o experimento, enquanto projeto de pesquisa, e agora poderão receber em maior escala como política pública.
O secretário-adjunto destacou a importância de novas tecnologias, considerando que métodos tradicionais não têm sido suficientes para controlar a população do mosquito. "O Brasil está há quase 40 anos usando as mesmas metodologias para combate ao Aedes. Precisamos reconhecer que é preciso inovar e trazer novas tecnologias, de acordo com a evolução da ciência. Então, com essa constatação, o Ministério da Saúde decidiu que toda e qualquer nova tecnologia que estiver disponível e apresente resultados eficazes, poderá ser utilizada em larga escala”, explicou.
Além das estações disseminadoras, outras tecnologias como a Wolbachia - bactéria que impede a transmissão de doenças pelo mosquito - estão em uso. Desenvolvida no Brasil também por pesquisadores da Fiocruz, inova no combate ao mosquito, já que a bactéria impede a transmissão de agentes causadores de doenças, quando presente no organismo do inseto.
"Cerca de 60% dos insetos na natureza possuem a Wolbachia naturalmente e não transmitem doenças. Os cientistas decidiram então introduzir a bactéria na fêmea do Aedes aegypti, observando que ela perdeu a capacidade de transmitir o vírus da dengue, chikungunya, Zika e febre amarela. É como se fosse uma vacina na fêmea do mosquito. Isso é altamente transformador", destacou.
De acordo com Rivaldo, essa tecnologia é considerada uma das mais promissoras dos últimos 100 anos para o controle da população de Aedes aegypti e será utilizada em maior escala pelo Ministério da Saúde a partir de 2025, assim como o uso de insetos estéreis e a borrifação residual intradomiciliar.
Ele também ressaltou a necessidade de colaboração da população na eliminação de focos de água parada, essenciais para a proliferação do vetor da dengue: "É importantíssimo, é fundamental que cada cidadão cuide do seu espaço, observe e retire do ambiente quaisquer objetos que possam acumular água", concluiu.