Você tem uma empresa ou serviço na área da saúde? Apareça aqui.
PUBLICIDADE

Telefones úteis em caso de emergência

SAMU
192
Corpo de bombeiros
193
Brigada Militar
190
Publicado em 12/06/2025 13:37:37

Dia dos Namorados: como a ciência explica as borboletas no estômago

Paixão é montanha-russa que libera hormônios controversos e tira as pessoas do prumo
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Canva)

Você já sentiu aquele frio na barriga só de pensar na pessoa amada? As famosas "borboletas no estômago" — expressão que virou clichê em histórias de amor — têm explicação científica: elas são, na verdade, o efeito colateral de uma tempestade de hormônios liberada no corpo quando estamos apaixonados. Dopamina, noradrenalina e cortisol entram em cena, provocando um estado de alerta que mistura prazer, ansiedade e até sintomas físicos como coração acelerado e mãos suadas.

O maior estudo sobre como a paixão age no cérebro, produzido pela antropóloga Helen Fisher em 2005, analisou o cérebro de indivíduos apaixonados e descobriu que ele sofre alterações similares às causadas por transtornos psiquiátricos.

Estar apaixonado, segundo uma revisão do estudo feita anos depois pelos pesquisadores de Harvard Richard Schwartz e Jacqueline Olds, aumenta exageradamente os níveis de cortisol no organismo, hormônio responsável pelo estresse. Não suficientemente, derrubam os níveis de serotonina, que é o hormônio do bem-estar e da calmaria.

"Estar apaixonado é como pular de paraquedas", afirma o médico especialista em medicina psicossomática Rubens Cascapera. As tais borboletas no estômago, retratadas em filmes românticos, nada mais são que a combinação de hormônios responsáveis pelo sentimento de paixão: dopamina, noradrenalina e cortisol.

O aumento nos níveis desses hormônios gera uma mistura de sentimentos, que envolvem a excitação, o prazer, a motivação e a euforia. Só que tudo isso vem acompanhado de altos índices de estresse pela angústia de não saber o que está por vir.

"Tudo é novo quando se está apaixonado", diz o psicanalista e escritor Christian Dunker.

Ele ressalta que a paixão é uma explosão de expectativas que inundam a mente de quem a está sentindo. "No estado de apaixonamento, a pessoa vive uma espécie de indeterminação sobre o outro. Ela perde o controle", diz.

 

Droga que vicia

Registros apontam que, durante a Idade Média, a paixão era considerada doença devido a forma como tirava suas "vítimas" do prumo.

Cascapera explica que a paixão ativa uma área do cérebro chamada núcleo accumbente, responsável pela sensação de prazer. O sentimento interfere, ainda, nas amígdalas cerebrais, onde se concentram as emoções. "Quando se está apaixonado, essas áreas se desregulam", conta o médico.

O apaixonado, então, passa a ter sentimentos confusos, que variam da angústia à excitação, da motivação ao medo, e tudo isso gera estímulos para o corpo. Por isso, as mãos suam e o coração acelera.

"É uma grande incerteza que gera medo e descompensa nossa mente", explica.

Liberada à exaustão durante a paixão, a dopamina é o hormônio dos vícios. No processo do apaixonamento, diz o especialista, a pessoa se vicia no sentimento.

"É o que explica a tal cegueira da paixão, onde a pessoa não consegue ver de fato quem é o ser por quem está apaixonada. Ele se transforma num amontoado de expectativas”, afirma o médico.

"Quando acaba, a gente pensa: 'Como fui me apaixonar por aquilo?'. É a cegueira, o corpo fica totalmente dirigido pelo emocional e a razão fica lá embaixo. É por isso que a decisão de se casar com alguém só deve ser tomada depois que a paixão dar lugar ao amor".

 

A transição para o amor

"Quando a paixão vai sendo dita, colocada em palavras, em experiências, encontros e jornadas, se torna isso que a gente chama de amor", diz o psicanalista Christian Dunker.

Professor de química da plataforma Professor Ferretto, Michel Arthaud detalha essa metamorfose do sentimento, que costuma acontecer entre seis meses e dois anos de relacionamento. "É como se a gente saísse da tempestade e entrasse em águas mais calmas", diz.

"A paixão começa a dar lugar ao amor, onde a dopamina e o cortisol caem e quem se sobressai é a oxitocina e a serotonina", afirma.

A serotonina é o hormônio da tranquilidade e da paz. A oxitocina é quem se responsabiliza, dentro da fisiologia, pela criação de vínculos – é esse hormônio que a mãe libera quando amamenta o bebê.

Quando esses hormônios começam a prevalecer em relação aos que pautam a paixão, ela perde força, e o vínculo do amor surge.

"A verdadeira saúde plena está no amor, não na paixão", diz Cascapera. "Ela é apenas um caminho para chegar no processo do amor".

Para Dunker, a transição pode ser uma experiência de decepção e perda. É normal, ele diz, o fim da paixão transformar "a estátua que você esculpiu com suas fantasias em uma pessoa real, com imperfeições e problemas".

"No fim, é isso que a paixão quer: virar amor real".

 

E por que a gente gosta tanto de paixão?

"Quando o amor aparece, você troca o herói das estrelas, de outro mundo, por um herói desse mundo – que pega ônibus, vai trabalhar, divide histórias e conquistas. Para muitos, essa troca é injusta, tão injusta que essas pessoas querem voltar ao capítulo anterior. E seguem buscando paixões incessantemente", diz Dunker.

Quem não consegue migrar para o amor e segue preso nos ciclos de paixão, explica o médico especialista em medicina psicossomática Rubens Cascapera, vive na dependência química da dopamina. "É como uma droga", detalha.

Dunker explica que a paixão faz o ser humano projetar no outro seus mais potentes ideais, construir esse objeto de paixão por meio da própria fantasia. E essa fantasia é sempre dupla, ao mesmo tempo em que existe o príncipe, ele pode ser o lobo mau.

"Você se lança aos pés do outro e, um minuto depois, sofre porque imagina que vai perdê-lo. Mas desejamos isso porque mobiliza um conjunto tão radical de transformações em nós mesmos que nos viciamos. Queremos viver de novo e de novo".

dia dos namorados
paixão
amor
dopamina
cortisol
oxitocina
serotonina

CONTINUE SE INFORMANDO

Receba nossas notícias pelo WhatsApp