
Pequenas mudanças de hábito e tratamentos simples podem reduzir ou até eliminar o ronco, melhorando a qualidade do sono e da saúde
O ronco é um problema comum, mas que vai muito além de um simples incômodo noturno. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira do Sono, 40% da população adulta sofre com o problema. Os ruídos durante o sono podem resultar em noites mal dormidas, fadiga diurna, queda no desempenho e, em alguns casos, até mesmo estarem associados a problemas mais graves. Diante disso, surge a pergunta: como parar de roncar?
Para o Dr. Geraldo Lorenzi Filho, especialista em Medicina do Sono e diretor do Laboratório do Sono do InCor, algumas ações simples, mas eficazes podem ser aplicadas para evitar que o problema se agrave.
De acordo com o Dr. Lorenzi, o ronco é causado por uma obstrução da via aérea superior na região da faringe, na área da garganta. Ele pode ocorrer por alguns fatores específicos, por exemplo, a anatomia dessa parte do corpo.
“As causas do ronco estão relacionadas a uma anatomia desfavorável, ou seja, uma via aérea estreita na região da garganta. Um dos fatores que podem agravar esse estreitamento é a posição ao dormir. Quando a pessoa está de barriga para cima, há maior tendência ao ronco do que quando dorme de lado. Isso acontece porque, nessa posição, a língua tende a cair para trás em direção à parede da faringe, reduzindo ainda mais o espaço para a passagem do ar”, destaca o especialista.
Outra característica que pode influenciar na ocorrência do ronco é a obesidade, de acordo com o Dr. Lorenzi. O médico afirma que o aumento de peso tem relação direta com a possibilidade de a via aérea superior ficar mais estreita, devido ao acúmulo de gordura.
“O ganho de peso não acontece apenas de forma externa: ele também afeta estruturas internas. A língua, por exemplo, é um músculo que pode acumular gordura, assim como a região da faringe. Esse acúmulo reduz o espaço disponível para a passagem do ar durante o sono, favorecendo o surgimento do ronco”, explica Lorenzi.
Ainda, a obstrução nasal também pode contribuir para o ronco. O médico especialista explica que quando o nariz está obstruído, a pessoa tende a respirar pela boca. Esse movimento desloca a base da língua para trás, aumentando a chance de ronco. O ideal é que a língua permaneça posicionada no céu da boca, logo atrás dos dentes incisivos superiores, o que ajuda a manter a via aérea mais estável durante o sono.
O Dr. Geraldo Lorenzi Filho aponta algumas medidas cientificamente comprovadas para reduzir ou até eliminar o ronco. Algumas delas podem ser adotadas imediatamente e já trazerem resultados perceptíveis.
1. Dormir de lado
A posição ao dormir tem grande influência sobre o ronco. De barriga para cima, a língua tende a cair para trás, em direção à parede da faringe, estreitando ainda mais a passagem de ar. Dormir de lado ajuda a estabilizar a língua e manter a via aérea mais livre. Uma dica que o especialista dá é usar um travesseiro mais alto, que sustente bem a cabeça, e colocar outro entre as pernas para manter o corpo alinhado durante a noite.
2. Perda de peso
A obesidade é um fator muito associado ao ronco. O excesso de gordura na língua e na região da faringe reduz o espaço para a passagem do ar. Segundo Dr. Lorenzi, estudos mostram que, a cada 10% de perda de peso, a apneia do sono melhora em cerca de 26% a 30%. Isso também vale para o ronco: emagrecer pode trazer uma melhora significativa.
3. Evitar álcool ou substâncias relaxantes
O consumo de bebidas alcoólicas ou de certos medicamentos relaxantes antes de dormir aumenta o risco de ronco. Isso acontece porque essas substâncias relaxam excessivamente a musculatura da garganta, facilitando a obstrução da via aérea. Evitar o álcool, especialmente nas horas que antecedem o sono, pode fazer diferença na redução do ronco.
4. Exercícios para a garganta
Assim como qualquer outro músculo do corpo, a musculatura da garganta pode ser fortalecida com exercícios. Atividades indicadas por fonoaudiólogos ajudam a tonificar a região, evitando o relaxamento excessivo que favorece o ronco. O Dr. Lorenzi explica que essa prática reduz o problema e pode melhorar casos de apneia leve e até moderada. Além disso, a prática regular de exercícios físicos no dia a dia também auxilia, já que contribui para a substituição de massa gorda por massa magra.
Dormir bem é essencial para a saúde física e mental. O ronco não deve ser visto apenas como um detalhe sem importância, mas como um sinal de que algo pode estar comprometendo a qualidade do sono. Medidas simples, como mudar de posição, perder peso ou fortalecer a musculatura da garganta, já fazem grande diferença.