A percepção de dores contínuas pelo corpo e a identificação de inchaços em pontos específicos podem ser sintomas associados a diversas doenças. Quando combinados, muitas vezes são fatores indicativos de quadros de hérnia da parede abdominal, que atingem 3 a 8% da população adulta brasileira, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
A doença se caracteriza pela projeção de um órgão ou tecidos através de uma abertura ou fraqueza na parede muscular. Segundo o médico Douglas Shun Yokoi, cirurgião geral especializado em cirurgia videolaparocópica do Hospital São Vicente, a condição pode causar uma protuberância visível ou uma sensação de pressão ou dor no local.
De acordo com o especialista, para evitar que complicações como o estrangulamento da hérnia, que pode causar casos graves como necrose de vísceras e tecidos e até a morte, com necessidade de cirurgia de emergência, a realização de acompanhamento médico com um especialista é fundamental. O procedimento cirúrgico é recomendado para oferecer mais conforto e bem-estar ao paciente, assim, alcançar uma melhor qualidade de vida.
"O tratamento depende do tipo, da gravidade dos sintomas e da avaliação médica. Em alguns casos, o médico pode adotar uma abordagem de espera vigilante e de monitoramento ao longo do tempo. A cirurgia é frequentemente recomendada quando a hérnia causa dor ou desconforto significativo, quando há risco de estrangulamento ou quando já afeta a qualidade de vida do paciente", explica o especialista.
O acompanhamento médico é iniciado pela identificação do tipo de hérnia.
Entre os mais comuns estão:
Hérnia inguinal: ocorre na virilha;
Hérnia umbilical: ocorre no umbigo;
Hérnia hiatal: ocorre na abertura do diafragma e pode afetar o esôfago, podendo estar associado à doença do refluxo gastroesofágico;
Hérnia incisional: ocorre em uma incisão cirúrgica prévia;
Hérnia femoral: ocorre na parte superior da coxa, próximo à virilha.
Já as causas da doença, são diversas e podem ser agravadas por fatores de predisposição. "As hérnias podem surgir devido a uma variedade de fatores, incluindo fraqueza muscular congênita, envelhecimento, lesões traumáticas, doenças do colágeno, esforço excessivo, gravidez, levantamento de objetos pesados, constipação crônica, tosse crônica, obesidade ou cirurgia abdominal prévia", prossegue Shun.
Quando necessária, a cirurgia é realizada para reposicionar o órgão ou tecido no local adequado e para reforçar a parede muscular afetada. "Isso pode ser feito por meio de diferentes técnicas cirúrgicas, com suturas, colocação de uma prótese (tela de hérnia) ou abordagens minimamente invasivas (videolaparoscopia ou cirurgia robótica). O tipo de cirurgia depende do local e do tipo de hérnia", finaliza o médico.