Imunização começa em fevereiro, mas laboratório entrega 5 milhões de doses para um ciclo de duas aplicações. Governo estaria por definir áreas prioritárias com maior número de casos para a vacinação
O Ministério da Saúde faz nesta segunda-feira (15/01) uma reunião para definir a estratégia de vacinação contra a dengue. O Brasil é o primeiro país no mundo a oferecer o imunizante na rede pública, mas enfrenta o desafio com a baixa quantidade de doses.
A Qdenga é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. O registro do imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) com previsão de início da imunização em fevereiro deste ano.
Em 2023 foram 1,6 milhão de casos de dengue e 94 mortes. Já este ano, os casos superam os 10 mil e há sete mortes em investigação. Em meio a alta, o Ministério da Saúde se reúne para definir o público prioritário e as cidades ou estados a receberem o imunizante.
A Takeda conseguiria entregar de fevereiro até novembro cerca de 5 milhões de doses. No entanto, esse número seria menor em volume de pessoas imunizadas, já que são necessárias duas doses para o ciclo completo.
A informação apurada pela TV Globo é que a proposta é que seriam priorizadas as regiões com maior incidência da doença. Os estados ou cidades não foram divulgados.
Abaixo, veja as respostas para as principais dúvidas sobre o imunizante.
A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. O registro do imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano.
A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.
De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Não foram feitos estudos para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com mais de 60 anos.
Além disso, podem se vacinar com a Qdenga tanto quem já teve dengue, quanto quem nunca foi infectado. Essa é a primeira vacina liberada no país para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.
Mas não podem ser imunizados com a vacina quem tem alergia a algum dos componentes, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora, ou gestantes e lactantes.
Desde a aprovação pela Anvisa em março de 2023, clínicas particulares passaram a disponibilizar a vacina Qdenga para seus consumidores.
Agora, o imunizante do laboratório Takeda Pharma passa a integrar também o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que reúne as vacinas aplicadas gratuitamente pelo SUS.
Os estudos clínicos mostraram que pode haver reações, geralmente, dentro de dois dias após a injeção. As reações registradas foram de gravidade leve a moderada e duraram 1 a 3 dias.
Atenção: essas reações NÃO tornam o imunizante contraindicado se aplicado no público correto.
Foram relatadas com maior frequência:
- dor no local da injeção (50%);
- dor de cabeça (35%);
- dor muscular (31%);
- vermelhidão no local de injeção (27%);
- mal-estar (24%);
- fraqueza (20%); e
- febre (11%).
As reações são menos frequentes após a segunda dose da Qdenga.
A Dengvaxia foi a primeira — e, até este ano, única — vacina contra a dengue aprovada pela Anvisa a ficar disponível no Brasil.
Ela é fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur e é vendida na rede privada na maior parte do Brasil. Esse imunizante não está disponível no Programa Nacional de Imunizações, o PNI.
Se comparadas, a Dengvaxia e a Qdenga possuem três principais diferenças:
Público-alvo: a Dengvaxia é recomendada somente para quem já foi infectado com o vírus da dengue. Já a Qdenga pode ser aplicada em quem nunca teve a doença.
Faixa etária: a Qdenga é recomendada para pessoas dos 4 aos 60 anos, enquanto a vacina francesa é indicada para pessoas dos 9 aos 45 anos.
Número de doses: a vacina francesa é aplicada em três doses, distribuídas em intervalos de seis meses, enquanto a japonesa é composta por duas doses, aplicadas com intervalos de três meses.
Já quanto ao modo de agir e aos possíveis efeitos após a aplicação, as vacinas são muito semelhantes.