Medidas de prevenção incluem práticas de higiene e de consumo adequado de alimentos
Durante décadas, o rotavírus foi responsável por surtos de infecções gastrointestinais e diarreia, sobretudo em crianças menores de cinco anos.
Com o controle baseado em vacinação, este cenário mudou nos últimos anos, abrindo espaço para um vírus menos conhecido: o norovírus, a principal causa das diarreias provocadas por vírus no mundo.
O recente surto de diarreia em Florianópolis foi causado por infecções por norovírus e rotavírus. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Santa Catarina, até o dia 20 de janeiro, 12 amostras de material fecal para diagnóstico viral tiveram resultado positivo, sendo encontrado em 9 amostras a presença de norovírus e em 3 amostras a presença de rotavírus.
Ao todo, a secretaria recebeu desde o início do ano 52 amostras de pacientes, que já estão em análise no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).
Todos os anos os norovírus causam cerca de 200 mil mortes e 685 milhões de casos, sendo as crianças a parte da população mais afetada.
"Durante muito tempo, a incidência de norovírus esteve associada a ambientes confinados, como creches, asilos ou navios de cruzeiro. Hoje, a transmissão é amplamente distribuída e atinge pessoas de diferentes idades, em diversos locais", explica o virologista Tulio Machado Fumian, pesquisador do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Esses vírus se espalham facilmente pelo contato pessoa a pessoa, pelo contato com partículas de fezes, água e alimentos contaminados. Cerca de 14% dos surtos em países desenvolvidos acontecem por transmissão alimentar, uma proporção que pode ser maior em países de condições sociais mais vulneráveis.
As frequentes mutações genéticas e recombinações do vírus, que possibilitam a uma pessoa se infectar mais de uma vez, dificultam o desenvolvimento de uma vacina.
A infecção por norovírus pode provocar diarreia de característica aquosa, sendo comum a presença de vômito, mas rara a manifestação de febre, como acontece com o rotavírus.
O período de incubação é de 18 horas a 2 dias e a doença pode durar até dois dias, de acordo com o Ministério da Saúde.
As medidas de prevenção incluem práticas de higiene e de consumo adequado de alimentos, como lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular ou preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais.
Desinfetar superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos e não utilizar água de riachos, rios ou poços contaminados também contribui para evitar a infecção por norovírus.