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Publicado em 01/11/2022 17:45:43

Respostas para 10 dúvidas comuns sobre a próstata

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens
Diagnóstico precoce reduz os riscos de complicações pelo câncer de próstata (Foto: Reprodução)

A campanha Novembro Azul, que começa nesta terça-feira (1º/11), promove a conscientização sobre o cuidado integral à saúde do homem.

Embora seja associada principalmente à prevenção ao câncer de próstata, a ação tem como objetivo destacar a importância da adoção de hábitos saudáveis para reduzir os riscos de doenças como um todo.

Especialistas alertam que o hábito masculino de buscar atendimento médico apenas diante de algum sintoma, como dores ou incômodos, contribui para o diagnóstico tardio de problemas de saúde como câncer, hipertensão e colesterol alto, por exemplo.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.

Segundo o Inca, parte dos tumores pode crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. No entanto, a maioria se desenvolve de forma lenta e não chega a dar sinais ou a ameaçar a saúde.

O diagnóstico precoce reduz os riscos de complicações. Para confirmar a doença é preciso fazer uma biópsia, procedimento em que são retirados pedaços pequenos da próstata para análise laboratorial. A biópsia é indicada caso seja encontrada alguma alteração nos exames preventivos.

Idade, histórico de câncer na família, sobrepeso e obesidade estão entre os fatores que podem aumentar o risco de câncer de próstata.

O risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. Também estão mais suscetíveis homens cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos. Estudos recentes mostram maior risco da doença em homens com peso corporal elevado.

Veja 10 respostas para as perguntas mais comuns sobre a próstata

1. O que é a próstata?
A próstata é uma glândula presente nos homens, localizada na frente do reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra, que é o canal por onde passa a urina.

Ela tem como função produzir um líquido que compõe parte do sêmen, que nutre e protege os espermatozoides. No entanto, não é responsável pela ereção nem pelo orgasmo.

2. Aumento de tamanho da próstata é grave?
O aumento da próstata pode acontecer naturalmente durante o processo de envelhecimento do homem. O quadro, chamado tecnicamente de hiperplasia prostática benigna, pode não representar riscos à saúde.

"O simples aumento da próstata não é grave, quase metade dos homens depois dos 50 anos apresenta aumento prostático. Desde que a pessoa urine bem e que não tenha um tumor, este aumento pode ser simplesmente acompanhado", explica o médico urologista Flávio Trigo do Hospital Sírio-Libanês e professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

3. O aumento da próstata pode se transformar em câncer?
A hiperplasia não se transforma em câncer, mas as duas situações podem acontecer simultaneamente na próstata, alertam os especialistas.

"O aumento prostático não se transforma em câncer. A chance de um homem com a próstata aumentada ter um câncer de próstata é a mesma daquele que tem a próstata de tamanho normal, mas existe, por isso ele deve realizar exames periódicos. O que o aumento prostático pode dar em cerca de metade dos pacientes são sintomas como urinar com o jato fraco, ir ao banheiro com frequência, acordar à noite para urinar ou ter que correr ao banheiro", afirma Trigo.

De acordo com o especialista, pacientes com sintomas pronunciados devem ser tratados com medicamentos ou cirurgia, com a chamada raspagem da próstata.

4. O câncer de próstata provoca algum sintoma?
Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata, como dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.

Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.

5. O que é o PSA? Aumento é sinal de câncer de próstata?
O PSA (sigla em inglês para Antígeno Prostático Específico) é uma proteína é produzida pelo tecido prostático, que pode ser detectada no exame de sangue.

"Por ser um marcador específico da próstata na sua elevação aumenta-se a suspeita para um câncer de próstata. É muito comum o paciente questionar qual é o limite desse PSA. Na verdade, não tem limites, ao contrário de quando nós dosamos o açúcar no sangue, colesterol ou triglicérides, que temos limites pré-definidos, o PSA não funciona dessa maneira", afirma o urologista Fernando Leão, cirurgião robótico do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo e Goiânia.

Especialistas afirmam que o aumento do PSA não significa necessariamente a presença do câncer de próstata. Por isso, os indicadores do exame devem ser relacionados pelo médico a outros dados do paciente, como idade, tamanho da próstata e resultados de exames anteriores, por exemplo.

"Como a próstata, nos humanos, aumenta de forma benigna com o passar dos anos, o PSA também costuma aumentar. Da mesma forma, o PSA aumenta com o evoluir do câncer de próstata. Assim, se o PSA estiver aumentando, o urologista pode definir se a alteração do PSA é por uma causa benigna ou maligna”, afirma o urologista Túlio Meyer Graziottin. “A interpretação do PSA é uma atividade complexa e deve ser feita por um especialista no assunto: o urologista. Como exemplo, um PSA baixo não isenta um paciente de ter câncer de próstata e um PSA alto não indica que tenha câncer de próstata", completa.

6. Fazer o exame de toque retal ainda é necessário?
Sim, diagnósticos oportunos de câncer de próstata são realizados a partir de alterações perceptíveis a partir do toque pelo médico.

"O exame de toque, que é o estudo digital da próstata, conhecido como toque retal, é um exame extremamente importante, que deve ser feito na avaliação prostática masculina. As investigações devem ser feitas em homens a partir de 50 anos de idade, salvo aqueles que têm histórico familiar de câncer, principalmente de próstata, em pai, irmão ou tios, que tiveram comprovadamente a doença", afirma Leão.

De acordo com o médico, para esses pacientes a orientação é iniciar exames preventivos a partir dos 40 a 45 anos de idade, com periodicidade anual.

"Embora haja a percepção que esse simples exame é imprescindível à identificação do câncer de próstata na fase inicial, o toque ainda esbarra na desinformação e na cultura de dois terços dos homens brasileiros, que não se submetem ao teste. O procedimento deve ser encarado da mesma forma que um exame de boca, nariz ou ouvido. O toque não interfere na masculinidade de ninguém, pelo contrário, é sinal de que o homem está preocupado consigo e com seus familiares", afirma o médico urologista Lucas Nogueira.

7. Como é o tratamento do câncer de próstata?
O tratamento do câncer de próstata pode ser feito a partir de diferentes abordagens. O tratamento mais adequado deve ser indicado pela equipe médica após avaliação individualizada, considerando as características do tumor, a fase em que ele se encontra, a idade do paciente e estado geral de saúde.

Pacientes que apresentam doença localizada, que atingiu apenas a próstata e não se espalhou para outros órgãos, podem ser submetidos a cirurgia, radioterapia e apenas observação vigilante, que consiste no acompanhamento do quadro clínico.

Para doença localmente avançada, a radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Já em casos mais graves, quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo, a chamada metástase, o tratamento mais indicado é a terapia hormonal, de acordo com o Inca.

8. Depois da cirurgia para tratar um câncer de próstata é necessário fazer algum outro tratamento?
A conduta pós-cirúrgica depende da evolução do paciente após o procedimento.

Exames de dosagem do PSA podem apontar se a cirurgia foi suficiente para eliminar o câncer ou se serão necessários tratamentos adicionais, com medicações ou radioterapia, por exemplo.

9. Há risco de impotência sexual?
Com a evolução da tecnologia, cada vez mais os homens tratados para o câncer de próstata vêm mantendo uma vida sexual normal.

As taxas de impotência sexual vêm caindo para valores inferiores à 10%, afirma o médico José Anacleto, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Federal da Lagoa (HFL), no Rio de Janeiro.

"O câncer de próstata pode causar impotência sexual, porém não é uma condição comum. A impotência sexual é multifatorial e o risco de o homem com câncer de próstata desenvolvê-la precisa ser analisada de forma individualizada, caso-a-caso. Pode estar associado ao crescimento do tumor. Quando o câncer passa os limites da cápsula, infiltra os nervos, que passam ao redor da próstata, responsáveis pela ereção, problemas de ereção podem surgir", explica Anacleto.

O fator psicológico também acaba sendo importante e muito comum nos homens com câncer de próstata, que tem sua libido e desejo sexual reduzido, afirma o especialista.

10. O câncer de próstata tem cura?
Sim. A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido, segundo o Inca.

A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópios ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

"Uma vez fazendo o diagnóstico precoce e o tratamento mais adequado para o caso, o homem pode ter taxas de cura superiores a 98%", afirma Anacleto.

Fonte: Lucas Rocha / CNN Brasil
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