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Publicado em 11/05/2023 20:04:57

Curativo feito em impressora 3D

Biocurativo 3D acelera a recuperação de lesões na pele em diabéticos
Produto é obtido por impressão 3D de acordo com a área a ser tratada

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) testam biocurativo para combater dificuldade de cicatrização da pele

Pacientes com diabetes tipo 1 podem apresentar dificuldade de cicatrização da pele. Quando a doença não está bem controlada, há um excesso de açúcar na circulação sanguínea que dificulta a alteração da fase de inflamação para as fases de regeneração do tecido.

Para combater essa complicação da enfermidade, uma equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) testou um biocurativo criado pela startup In Situ Cell Therapy, sediada na Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto.

"Ele é feito com uma substância chamada hidrogel de alginato e contém células derivadas do cordão umbilical humano", conta Daniela Carlos Sartori, que coordenou o trabalho no Laboratório de Imunorregulação de Doenças Metabólicas (LIDM) da USP.

Foram usadas as chamadas células mesenquimais, que secretam inúmeras moléculas bioativas com diferentes funções no processo cicatricial, como as citocinas e os fatores de crescimento responsáveis pela imunomodulação, angiogênese (a criação de novos vasos sanguíneos) e melhora da qualidade do tecido cicatrizado.

"O processo de criação do produto envolve a bioimpressão 3D, que foi feita com o apoio de uma empresa especializada e permite a confecção precisa [do curativo] de acordo com a área de aplicação e a correta distribuição das células mesenquimais pelo hidrogel, o que as mantêm viáveis durante o processo de impressão e de utilização", explica Sartori.

O biocurativo 3D é considerado inteligente por conter células vivas, capazes de perceber os sinais emitidos pela lesão na pele e responder liberando citocinas e fatores de crescimento de acordo com a necessidade do tecido. Sendo assim, atua nas diferentes fases da cicatrização da pele, enquanto a maioria dos produtos convencionais visa apenas o recobrimento da lesão ou o tratamento de uma fase específica da cicatrização.

Para avaliar sua efetividade, os pesquisadores induziram o desenvolvimento de diabetes tipo 1 em 18 camundongos. Depois de 15 dias, os animais foram anestesiados e os cientistas fizeram feridas de 1 centímetro quadrado (cm²) em suas costas, que imediatamente receberam curativos.

Os roedores foram divididos em quatro grupos: animais sem diabetes com curativos sem células mesenquimais, animais sem diabetes com o biocurativo, animais com diabetes com curativos sem células mesenquimais e animais com diabetes com o biocurativo.

Após dez dias de tratamento, os animais com diabetes tratados com curativos sem células mesenquimais apresentaram feridas com cerca de 50% de abertura, enquanto as feridas nos animais diabéticos que receberam o biocurativo inteligente estavam com cerca de 20% de abertura. Isso mostra que houve uma melhora significativa na cicatrização dos camundongos diabéticos que receberam o produto contendo as células mesenquimais, em comparação aos que não receberam.

Com base nos resultados das análises, publicados no periódico Regenerative Therapy, os pesquisadores destacam o efeito imunomodulador dos biocurativos, ou seja, sua capacidade de melhorar o funcionamento do sistema imune dos animais. De acordo com o artigo, o produto elevou a expressão do fator de crescimento TGF-beta, que estimula a síntese de colágeno e o reparo do tecido. O trabalho recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio de dois projetos.

Para tornar possível o uso do biocurativo no tratamento de feridas em pacientes diabéticos, porém, ainda são necessários ensaios clínicos. Caso os resultados sejam positivos, será possível solicitar a aprovação do produto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Fonte: Thais Szegöda / Agência Fapesp/ CNN Brasil
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