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Publicado em 17/05/2024 08:51:47

Como lidar com a ecoansiedade

Psicólogos explicam efeitos causados nas populações atingidas por enchentes
Resgate de mulher no bairro de Humaitá, em Porto Alegre (Foto: Diego Vara / Agência Brasil)

Segundo especialista, o estresse é uma resposta comum e fisiológica do corpo. Mais de 90% dos municípios do estado foram afetados de alguma maneira pelas chuvas

O Rio Grande do Sul convive há mais de duas semanas com a tragédia causada pelas enchentes no estado. A saúde mental de quem foi atingido, direta ou indiretamente, pelos efeitos das inundações está em foco. Conversamos com psicólogos para entender o que é a ecoansiedade e como buscar ajuda nessas situações.

A ecoansiedade também é conhecida como "ansiedade climática". Segundo a Associação Americana de Psicologia (APA), é o "medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras".

A psicóloga Monique Machado afirma que as tragédias ambientais, como as enchentes no estado, podem ter um impacto negativo e indireto em outras pessoas, além das vítimas. "Após a situação de desastre, as sensações de medo e angústia vão dando espaço para sensações de tristeza", disse.

Segundo ela, é necessário oferecer cuidados psicológicos a todos os atingidos pelo desastre, a fim de facilitar a readaptação.

Até esta quinta-feira (16/5), a Defesa Civil contabilizou 151 mortos, 104 desaparecidos e 806 feridos na maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, que também deixou 617 mil pessoas fora de casa.

 

Estresse após os traumas

O estresse é uma resposta comum e fisiológica do corpo. Ele está associado à irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia ou até mesmo crises de ansiedade.

"Além do momento traumático vivenciado, boa parte da população vai guardar essa memória consigo para sempre", afirma Felipe Ayres Pozzobon, especialista na área da saúde.

"Milhares de pessoas perderam familiares, patrimônio, e isso tudo mexe conosco", disse o especialista.

De acordo com ele, as síndromes, como a ansiedade, são um conjunto de sintomas. A falta de moradia e o distanciamento dos familiares podem contribuir para o isolamento social.

"É de extrema importância que possamos ter acesso a pessoas que nos deem afeto e carinho em um momento de tamanho desamparo", disse o especialista.

Ele também afirma que a rede de apoio é importante tanto para as pessoas que foram afetadas diretamente pelas enchentes quanto para os voluntários que atuam nos resgates. "Algo que vi com frequência durante a pandemia (Covid-19) no hospital eram profissionais que saíam do trabalho, mas cujo trabalho não saíam deles", comentou Pozzobon.

O trauma pode ser ainda mais grave, podendo até mesmo ocorrer o burnout, que é um estado de esgotamento físico, mental e emocional extremo.

 

Voluntária em campo

A voluntária e também psicóloga Francine Peres vem ajudando no acolhimento de famílias e crianças atípicas, em Pelotas. "A força, principalmente das mães, é louvável. Elas se reinventam e buscam forças onde parece não mais haver", afirmou Francine.

Segundo ela, ajudar o próximo em momentos difíceis, como esse, é fundamental. "Oferecer amparo é parte da nossa responsabilidade como psicólogos e cidadãos".

"Nós, profissionais da saúde mental, sabemos a importância e a diferença a curto e longo prazo, de se ter o acolhimento sensível e adequado nessa fase, de profissionais com o entendimento do manejo em situações emergenciais e traumáticas. E do luto, seja ele pela perda de pessoas ou de tudo que tiveram que deixar para trás", comentou.

 

Como lidar com os impactos à saúde mental?

Cuidar de si próprio; "Somos seres humanos antes de qualquer coisa, e temos limites", diz o especialista Felipe Ayres Pozzobon.

Fazer parte de grupos de rede de apoio; "Façam o que puderem, como puderem, sempre cuidando da própria saúde", afirma o especialista.

Encontrar apoio psicossocial; "O sujeito precisa lidar com luto e com uma nova adaptação de sua vida", destaca a psicóloga Monique Machado.

Fonte: G1
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