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Publicado em 17/10/2023 19:13:09

Remédio se guarda no banheiro ou na cozinha?

A resposta para polêmica sobre hábito que dividiu a internet
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Freepik)

Dúvida foi levantada pelo apresentador Fábio Porchat nas redes sociais. Especialista explicou que os dois locais apresentam riscos e deu dicas de armazenamento e descarte

Não são só discussões políticas que alimentam as redes sociais. Alguns comportamentos do cotidiano também acirram ânimos quando expostos.

Com o perdão do trocadilho, a discussão da vez levantada pelo apresentador Fabio Porchat é saudável (e importante). Existe lugar correto para guardar remédio? Nos comentários feitos no post do apresentador, a humanidade parece estar mesmo dividida entre aqueles que guardam no banheiro e aqueles que guardam na cozinha.

A resposta pode não agradar a todos, já que os dois locais apresentam riscos e têm problemas, como explica Daniel Tenório, membro do Grupo de Trabalho sobre Farmácia Comunitária do Conselho Federal de Farmácia.

Banheiro: é um lugar úmido e repleto de bactérias.

Cozinha: tende a ser um lugar quente, com muita fonte de calor, por causa do fogão, por exemplo, e de ondas, por causa do micro-ondas.

"No banheiro, uma questão que afeta muito o produto é a umidade. Além disso, tem os microrganismos, os micróbios, as sujeiras", explica Tenório.

"A cozinha é um ambiente onde geralmente é um pouco mais quente. Vai ter um fogo ligado, um forno ligado, aparelhos que emitem ondas, como micro-ondas. As pessoas também colocam em cima da geladeira, que é um local que esquenta. E isso pode acabar degradando, estragando o produto por causa do calor excessivo que ele não foi fabricado para aguentar", complementa.

O correto, explica Tenório, é não armazenar medicamentos que sobram após o tratamento, por causa do risco de intoxicação com a automedicação ou caso alguma criança confunda o comprido com uma balinha ou até que algum animal de estimação engula sem querer. E nunca se automedicar, já que isso pode mascarar a doença ou até intensificar a gravidade da situação — não custa reforçar: ao sentir qualquer sintoma, procure um médico.

Ainda assim, como o hábito de guardar remédios em casa é natural, o ideal é armazenar, para eventuais emergências, somente analgésicos mais comuns e antitérmicos, para citar alguns exemplos. Nestes casos, as recomendações são as seguintes:

- Guardar dentro da embalagem original, que é, geralmente, onde os fabricantes colocam as datas de validade e de fabricação. Sim, isso significa armazenar na caixinha própria que muita gente tende a descartar.

- Seguir a recomendação quanto à temperatura, caso de medicamentos, pomadas ou cremes que devem ser guardados na geladeira, se essa for a orientação explícita do fabricante.

- Se o produto não tiver a recomendação de armazenamento em local refrigerado, a orientação é guardar em local que não bata sol, não tenha umidade e que seja fresco e arejado.

Tenório orienta guardar em um armário ou estante, pode ser no quarto ou na sala, mas que seja fora do alcance de crianças, reforçando, se o local não for de incidência de sol, calor ou umidade. Se a justificativa para deixar no banheiro ou na cozinha for a facilidade para lembrar, uma dica é guardar no local mais apropriado e deixar um lembrete na geladeira colado com um imã.

"A orientação que a gente dá como profissional de saúde é que as pessoas sempre que precisarem utilizar, ou mesmo aqueles que ela já tem hábito de utilizar corretamente, que ela busque esse orientação do profissional na farmácia".

 

Validade

Para além das questões de armazenamento, é importante atentar-se para a validade do medicamento, inclusive após aberto, já que as datas podem mudar.

"A principal orientação é que a pessoa só mantenha, de fato, o que é necessário. Não precisa ter armazenado em casa medicamentos que não se utiliza corriqueiramente até porque existe um prazo de validade".

A forma de armazenamento pode, inclusive, impactar na qualidade do produto depois de aberto, se não for comprimidos, que, em cartelas, possuem um isolamento individual.

"Por exemplo, aqueles que são líquidos, xarope, suspensão, colírio, soro fisiológico... Depois de aberto, a validade muda e não é mais aquela que está na embalagem".

 

E o descarte?

Se o medicamento estiver vencido, nada de descartar no vaso sanitário ou no lixo comum, por questões sociais e ambientais. O mesmo vale para medicamento que, mesmo na validade, a pessoa queira descartar.

"Se descartado no lixo comum, infelizmente no nosso país outras pessoas podem pegar e acabar utilizando. E o outro lado é a questão do meio ambiente. Alguns desses produtos vão ter um impacto negativo no meio ambiente. Antibióticos, por exemplo, podem favorecer o crescimento do bactérias mais resistentes", explica.

"O local de descarte mais apropriado é a própria farmácia. Quando forem na farmácia comprar um medicamento, pergunte ao farmacêutico se lá eles recebem medicamentos vencidos e medicamentos que não estejam em uso e se lá a farmácia vai dar a destinação apropriada".

Na dúvida, procure sempre profissionais qualificados em farmácias, postos de saúde e hospitais.

Fonte: Sarah Resende / G1
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