Um novo tratamento para a obesidade promete os resultados de uma bariátrica, sem a cirurgia, além de eliminar efeitos indesejáveis que outros medicamentos podem causar, como náusea e vômito. Os pesquisadores apresentaram o estudo nesta quarta-feira (29/3), durante evento da American Chemical Society (Sociedade Química Americana).
Como o estudo foi feito
Os autores criaram uma molécula chamada de GEP44 e aplicaram em ratos com obesidade - portanto, o estudo ainda está em fase pré-clínica e não foi realizado com humanos.
Os animais foram acompanhados por 16 dias.
O GEP44 atua de forma semelhante ao PYY (hormônio produzido naturalmente no intestino, dando a sensação de saciedade) e ao GLP 1 (responsável por reduzir o nível de glicose no sangue, melhorando a sensibilidade à insulina e atuando na redução do consumo dos alimentos).
Quais foram os resultados nos ratos
Eles comeram até 80% menos do que normalmente consumiam.
Depois de 16 dias, os roedores perderam uma média de 12% de seu peso.
Os ratos do grupo que usou GEP44 apresentaram um resultado três vezes melhor em relação ao grupo tratado com liraglutida --conhecidos como agonistas do receptor GLP 1 (por ser parecido com o hormônio GLP 1, exerce seu efeito no receptor).
Ainda em comparação com a liraglutida, o GEP44 - também testado em musaranhos, um mamífero que, ao contrário dos ratos, é capaz de vomitar - não causou náusea ou vômito, o que pode ocorrer com outros medicamentos para obesidade ou diabetes.
"Por muito tempo, não pensamos que seria possível separar a redução de peso de náuseas e vômitos, pois eles estão ligados exatamente na mesma região do cérebro", diz Robert Doyle, autor principal do estudo.
Outros achados
O GEP44 tem uma meia-vida no corpo de cerca de 1 hora, mas os cientistas criaram uma meia-vida mais longa. Com isso, uma possível medicação como essa poderia resultar em aplicações semanais (uma ou duas), e não várias vezes ao dia, como ocorre com outras medicações.
Os ratos também conseguem manter a perda de peso mesmo após o término do tratamento - evitando o "efeito sanfona" ou "rebote".
A molécula reduz o açúcar no sangue puxando a glicose para o tecido muscular, sendo usada como combustível, e convertendo células do pâncreas em células produtoras de insulina, ajudando a substituir as que foram danificadas pelo diabetes.
E há ainda outro benefício: o GEP44 diminui o desejo por opioides, como o fentanil, em ratos. Se isso também funcionar em humanos, explica o autor, pode ajudar as pessoas dependentes a abandonar a droga.
Os pesquisadores planejam, agora, testar a molécula em primatas, além de avaliar todos os efeitos no corpo, principalmente no cérebro.