Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), disse que é necessário haver uma comunicação ativa com a população
Em entrevista nesta terça-feira (26/7), a epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues, disse que o baixo índice de vacinação no Brasil significa uma bomba prestes a explodir.
"Estamos ativando uma 'bomba atômica' prestes a explodir. Temos viabilidade de que essas doenças [que o plano de imunização cobre] possam voltar a ser um problema de saúde pública gigantesco", afirmou.
De acordo com Carla, as crianças não vacinadas contra doenças como poliomielite, caxumba, sarampo e outras, "podem acarretar problemas como cegueira, problemas neurológicos, problemas de surdez e disputa por leitos de UTI".
Segundo levantamento da Unicef, o Brasil tem três em cada dez crianças sem as vacinas necessárias. Carla explica que essa situação pode "levar ao aumento de mortalidade infantil no país".
Na semana passada, dados do Ministério da Saúde (saiba mais AQUI), mostraram que o Brasil está abaixo da meta de vacinação contra o sarampo. Segundo a pasta, 47,08% das crianças receberam o imunizante em 2022, sendo que a meta de cobertura vacinal é 95%.
Para Carla, o problema é multifatorial. A epidemiologista explica que um deles é o próprio sucesso do Plano Nacional de Imunizações nos últimos anos.
"À medida que as doenças deixaram de acontecer porque a população aderiu a vacinação e essas doenças imunopreveníveis deixaram de acontecer", afirmou.
Segundo ela, por não conhecer a gravidade de doenças como polio, sarampo, meningite, os pais não vacinam seus filhos.
A ex-coordenadora do PNI avalia que para mudar esse cenário, é necessário voltar a "se comunicar com a população sobre a importância da vacinação infantil".