Uma massa de ar polar que chegou ao Brasil nesta semana derrubou as temperaturas em diversas regiões do país, inclusive na região missioneira.
Na terça-feira (17/5), nevou em quatro cidades da Serra Catarinense: Bom Jardim da Serra, Lages, Urubici e São Joaquim. Segundo a Epagri, órgão que monitora as temperaturas no estado, há 15 anos o fenômeno não era registrado no mês de maio.
No mesmo dia, por volta de uma da tarde, também nevou em São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, onde a sensação térmica chegou a -20ºC.
A cidade de São Paulo registrou, na quarta-feira (18), a temperatura máxima de 12,6°C, a menor desde 1961 para o mês de maio, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O Distrito Federal registrou temperatura mínima de 1,4°C ontem (19), índice mais baixo desde o início das medições, em 1963, também de acordo com o Inmet.
SENSAÇÃO TÉRMICA
No entanto, os índices registrados pelos termômetros podem ser percebidos de maneira ainda mais intensa pelos indivíduos, de acordo com diversas variáveis. A chamada sensação térmica pode ser calculada de diversas maneiras dependendo das condições momentâneas de tempo e não existe um modelo que seja universal ou definitivo.
No Brasil, a sensação térmica geralmente está associada a dois modelos utilizados pela comunidade científica, que consideram nos cálculos a combinação da temperatura do ar, da umidade relativa do ar e da velocidade do vento.
Um dos indicadores é o Índice de Resfriamento (ou Wind Chill), que expressa o efeito do resfriamento do ar em movimento ou o vento a diferentes temperaturas. O dado é amplamente utilizado no inverno, quando são registradas as menores temperatura do ar.
Em situações de baixa temperatura, o vento influencia mais no desconforto térmico, pois ele remove continuamente a camada de ar quente que envolve nossa pele e que funciona como um isolante. Como a temperatura corporal humana é mais quente que o ambiente nesse período, acontece um fenômeno em que passamos a ceder calor para o meio de forma mais rápida aumentando a sensação de frio.
Outro método utilizado é o Índice de Calor (ou Heat Index), que considera o efeito da umidade sobre a temperatura. Quanto maior a umidade e a temperatura do ar, maior a sensação térmica, pois com o ar saturado de água é mais difícil de suar, processo responsável por "esfriar" o nosso corpo. Este modelo é adotado nas análises dos períodos quentes, como no verão, quando a temperatura do ar alcança os valores máximos e a umidade relativa do ar permanece alta em boa parte da estação.
O estudo dos modelos de previsão de sensação térmica ou índices de conforto térmico revela uma quantidade extensa e variada. São mais de 200 contabilizados na bibliografia e a quantidade continua a aumentar à medida que novos elementos são englobados nos cálculos.
Fatores que influenciam a sensação térmica
A tendência é a utilização de índices que considerem fatores ambientais, tipo de vestimenta, características fisiológicas e socioculturais. A sensação térmica também considera combinações de elementos do clima como radiação, temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento.
As características fisiológicas e metabólicas de cada indivíduo também fazem parte dos cálculos. Uma pessoa com sobrepeso e sedentária vai ser mais afetada pela alta sensação térmica do que um indivíduo com peso ideal para sua idade e altura e que se exercita, por exemplo.
As roupas também vão influenciar a sensação térmica, pois elas podem contribuir ou prejudicar as funções reguladoras da temperatura corporal. Características socioculturais também fazem parte das variáveis relacionadas à sensação térmica: pessoas que vivem em localidades comumente afetadas pelo frio intenso adquirem tolerância ao frio e podem perceber quedas bruscas de temperatura de maneira diferente.