Estima-se que de 3% a 5% das pessoas em idade pediátrica tenham hipertensão e de 10% a 15%, pressão arterial elevada. Fatores de risco podem começar a se desenvolver desde a infância
A pressão arterial deve começar a ser medida a partir dos 3 anos de idade, de forma anual. Isso porque crianças e adolescentes também podem ter hipertensão, uma doença silenciosa, sem cura, e que causou quase 300 mil mortes nos últimos 10 anos no Brasil.
A incidência de hipertensão entre os pequenos aumentou nos últimos anos. Estima-se que:
- de 3% a 5% das pessoas em idade pediátrica tenham hipertensão.
- de 10% a 15% tenham pressão arterial elevada.
Os dados constam das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, elaboradas por sociedades médicas em 2020 e que são referência no tema.
- Com menos de 3 anos de idade: a medição é indicada apenas para casos de prematuridade, baixo peso ao nascer e cardiopatias congênitas, entre outras condições.
- A partir dos 3 anos: medir a pressão anualmente.
- Fatores de risco: Se a criança a partir dos 3 anos ou adolescente tiver excesso de peso, doença renal, diabetes ou fizer uso crônico de medicações que elevem a pressão arterial, a medição deve ser feita em qualquer avaliação clínica.
Em adultos, o diagnóstico de hipertensão começa a partir de dois números: 14 por 9. Já para os mais jovens, é diferente. Confira a classificação da pressão arterial em crianças e adolescentes:
- Elevada: a partir de 12 por 8.
- Hipertensão de estágio 1 (de menor gravidade): a partir de 13 por 8.
- Hipertensão em estágio 2: a partir de 14 por 9.
O diagnóstico deve ser feito pelo médico após ao menos três medições distintas. Ele também depende da idade da criança ou do adolescente e de outras avaliações físicas.
"Uma vez detectada a elevação da pressão em uma pessoa jovem, o médico investigará se tem alguma doença que justifique essa elevação ou se é só da genética. Isso é extremamente relevante", diz Luciano Drager, cardiologista
De acordo com especialistas, a medição da pressão arterial deve entrar na avaliação médica de rotina das crianças e dos adolescentes para a possibilidade de detectar a hipertensão o quanto antes.
"Há vários estudos que mostram que, no caso da hipertensão que começa cedo e não é tratada, paga-se o preço da forma mais precoce ainda. É quando a pessoa tem um AVC aos 40 anos, um infarto aos 40 anos", diz Luciano Drager, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês.
Fatores de risco associados à pressão alta podem começar a se desenvolver desde a infância. Por isso, a adolescência é considerada um período crucial para prevenir futuros casos de hipertensão e mortes associadas à doença.
"É uma oportunidade única para identificar precocemente a doença e mudar hábitos", diz a cardiologista Andréa Araujo Brandão, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Casos de pressão alta em crianças e adolescentes estão intimamente ligados ao aumento no sedentarismo - provocado pelo uso excessivo de telas em vez de atividades físicas - e uma piora na alimentação, que levam ao sobrepeso e à obesidade.
"As crianças estão com hábitos de vida muito ruins, de alimentações irregulares ou nutricionalmente inadequadas. Elas estão com ganho de peso e um nível alto de estresse e de ansiedade, além de padrões de sono fora do desejado. Tudo isso pode contribuir para elevação da pressão arterial", explica Drager.
No Brasil, um estudo iniciado em 2008 buscou mapear a prevalência de fatores de risco cardiovasculares em adolescentes que frequentavam escolas públicas e privadas.
- O Estudo dos Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) avaliou 73.399 estudantes de 12 a 17 anos.
- A prevalência de hipertensão arterial foi de 9,6%.
- A pressão arterial mais elevada foi encontrada nos meninos mais velhos, entre 15 e 17 anos.
- 17,8% da hipertensão nos adolescentes pode ser atribuída à obesidade.
Há também o histórico familiar. A genética está presente em 30% a 50% dos casos.
Isso significa que todo mundo com um caso de hipertensão na família tem uma chance maior de desenvolver a doença, seja quando criança ou adolescente, seja na idade adulta.
"A parte genética é importante, mas entre crianças e adolescentes pensam muito fatores externos, como aumento do peso e consumo de sal", ressalta Luiz Bortolotto, cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
É uma doença que tem como característica os níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. A pressão alta faz com que o coração se esforce mais do que o normal para que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.
Apenas 10% dos hipertensos apresentam sinais da doença. Os sintomas, quando acontecem, geralmente se manifestam quando há um pico de pressão elevada. São eles: dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.
Embora haja casos em crianças e adolescentes, a pressão alta é mais comum a partir dos 60 anos. No Brasil, cerca de 60% dos idosos têm hipertensão.
As mortes por hipertensão arterial no Brasil aumentaram 72% em uma década. De 2011 a 2021, quase 300 mil pessoas morreram no país por conta da doença.
Não há cura para hipertensão. Quem possui diagnóstico, precisa fazer o controle da doença com a adoção de hábitos de vida saudáveis, redução do consumo de sódio e a prática de atividades físicas. Em alguns casos, há necessidade do uso de medicamentos durante toda a vida.
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