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Publicado em 08/02/2022 11:53:19

Covid-19: vacina é efetiva na prevenção de mortes

Maioria das mortes é de pacientes que não foram imunizados ou não completaram imunização
Crédito: Reprodução

Quem são as pessoas que estão morrendo por coronavírus em 2022? Qual o impacto exato da vacinação na prevenção das mortes? Não há um levantamento do Ministério do Saúde sobre o tema. Mas diferentes dados de Secretarias Estaduais de Saúde confirmam o alerta de especialistas: os não vacinados são a maioria das vítimas pela doença nesta atual fase da pandemia.

Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo divulgaram dados de diferentes tipos que confirmam a efetividade da vacina (veja mais abaixo). Por exemplo, Santa Catarina apontou que o risco de idosos não vacinados ou com vacinação incompleta morrer de Covid foi 47 vezes maior do que naqueles que já receberam a dose de reforço.

Para Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), os dados já refletem uma verdade que, para ele, é consistente. O fato de terem metodologias diferentes não muda o que eles indicam.

"Baseado no que tem sido divulgado, tanto por secretarias estaduais, quanto por outros países, o que tem sido observado é exatamente isso: a imensa maioria das internações mais graves não tem o esquema vacinal completo", afirma Juarez Cunha.

Ethel Maciel explica que, mesmo sendo pesquisadora, não está conseguindo acessar as taxas de mortalidade relacionadas ao coronavírus em vacinados e não vacinados. "É preciso ter dado com essa informação e não temos abertos", explica a professora da Universidade Federal do Espírito Santo e pós-doutora em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins.

A dificuldade para os pesquisadores está na falta de integração entre os sistemas federais que consolidam dados de vacinação e os de casos e mortes por Covid, dificuldade para a qual o Ministério da Saúde não ofereceu alternativa e não realizou estudos próprios.

A reportagem entrou em contato com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que sinalizou que também não tem um levantamento nacional a respeito do assunto. Já o Ministério disse que estaria levantando as informações junto à área técnica, mas, até a publicação deste texto, não havia enviado as informações.

Veja abaixo dados estaduais:

Rio Grande do Sul
Estudo do governo estadual apontou que 68% das hospitalizações e 70% das mortes por Covid-19 entre dezembro e janeiro ocorreram em pessoas não vacinadas ou com alguma dose em atraso.

Amazonas
No Amazonas, estado que nos últimos dois janeiros pandêmicos viu o número de casos e mortes do coronavírus disparar. A diferença em comparação com o ano passado é brusca: no primeiro mês de 2021, o estado havia perdido 3.556 pessoas para a Covid-19. Neste ano, até 3 de fevereiro, a Secretaria de Estado de Saúde aponta 152 mortes pela Covid-19.

Dentre elas, 62,5% não tinham se vacinado ou completado o esquema de imunização. Wilson Lima, governador do estado, diz que os "números confirmam que a gente está no caminho certo, incentivando a vacinação".

Dentre os estados que já contabilizaram seus dados, o Amazonas tem um dos índices mais baixos – 6 a cada 10 mortes — em outras regiões, os não vacinados somam percentuais maiores:

Santa Catarina
A taxa de óbitos em idosos não vacinados ou com vacinação incompleta foi 47 vezes maior do que naqueles que já receberam a dose de reforço. Já entre os adultos, a taxa entre os não vacinados ou com vacinação incompleta foi 39 vezes maior do que naqueles que receberam a dose de reforço.

Paraná
O risco de mortes entre as pessoas de 12 a 59 anos que não tomaram nenhuma vacina é de 6,59 por 100 mil habitantes no estado. Já o índice de mortalidade na mesma faixa etária cai para 0,29/100 mil pessoas com o esquema completo e o reforço. O relatório do estado aponta que vacinados têm uma chance 22 vezes menor de morrer pela doença.

São Paulo
O estado ainda não fechou seus dados completos, mas divulgou um estudo realizado no hospital Emilio Ribas: 82% dos óbitos dos internados por Covid-19 não tinham esquema vacinal com 3 doses. O levantamento foi realizado nos últimos três meses na unidade, que é referência para atendimentos de casos graves do coronavírus. Dos 17 óbitos que ocorreram na unidade, 14 não tinham esquema vacinal com 3 doses.

Rio de Janeiro
Os dados de janeiro de 2022 mostram que pessoas não vacinadas ou que receberam apenas uma dose têm 73% mais risco de serem internadas com Covid-19 do que os vacinados com duas doses. A taxa de incidência de internação está em 21,3 por 100 mil habitantes para não vacinados ou com apenas uma dose; e em 12,3 por 100 mil entre os vacinados com duas doses.

Minas Gerais
O estado apresentou os dados desde o início da vacinação em 2021, mas apenas de internação em UTI: não vacinados apresentam uma taxa de 8,2 por 100 mil habitantes, enquanto os vacinados com duas doses têm um índice de 0,6 por 100 mil habitantes.

Espírito Santo
A taxa de mortalidade em janeiro de 2022 é de 130 por 100 mil para não vacinados, enquanto para apenas uma dose é de 4,3 para 100 mil. Já com duas doses ou com reforço é de 2,4 para 100 mil. A Secretaria aponta que a taxa de mortalidade dos vacinados com o ciclo completo é 56 vezes menor do que a dos não vacinados.

Fonte: Carolina Dantas / G1
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