Por Leonardo Stoffels
Psicólogo - CRP 07/35482
Uma pessoa que guarda segredo sobre um trauma tem muito mais chances de sofrer do que uma que compartilha este mesmo segredo, é o que diz a ciência. Suprimir experiências negativas é estressante e expressá-las pode aliviar esse fardo. Isso não significa, no entanto, que devemos abrir todas as nossas feridas para qualquer estranho que apareça, afinal intimidade é para os íntimos. Mas e o que acontece quando não temos alguém íntimo o suficiente a quem recorrer? Quando sofremos tanto e tantas vezes, que não temos mais com quem conversar? Quando nossos medos são tão constrangedores que não temos coragem de confessar a outro ser humano? Minha dica para isso é: escreva!
Nenhum terapeuta moderno discorda que manter um diário, escrever sobre nossos sentimentos, memórias e emoções, é uma prática compensatória e até mesmo terapêutica. Emoções foram feitas para serem expressas, e olha que expressar uma emoção não se restringe apenas ao ato de chorar, gritar, rir, ou até de falar. Escrever é o exemplo de como dar um destino para aquilo que precisa ser expresso.
E quando falo em escrita, não estou falando sobre fazer um artigo, um livro ou uma postagem para a internet. Estou me referindo a um diário, algo feito apenas para nós. E se você teme ser “descoberto”, se tiver um caderno em casa e não quer que ninguém leia o que foi escrito, então simplesmente rasgue a folha e jogue-a no lixo quando terminar de escrever. Ou então, use a tecnologia. Apesar de o papel proporcionar uma conexão maior com nós mesmos, usar a caneta exige também um pouquinho mais de paciência. Então, se preferir, digite seu diário no computador, ou até mesmo no celular, o simples ato de colocar palavras numa tela em branco já faz a mágica acontecer independemente da magia vir do grafite ou de um teclado.
Embora escrever sobre experiências traumáticas seja desconfortável no curto prazo (por trazer sentimentos dolorosos à superfície), depois de aproximadamente duas semanas, os custos desaparecem e os benefícios surgem - e duram. Quem estuda os benefícios dessa prática é um psicólogo norte-americano chamado James Pennebaker. Em uma série de estudos pelo mundo envolvendo vários grupos, como acadêmicos de medicina, prisioneiros de segurança máxima, vítimas de crimes, mulheres com complicações pós parto e pacientes com artrite e dor crônica, a equipe de pesquisadores de Pennebaker demonstrou que escrever um diário de emoções de 15 a 20 minutos por dia traz benefícios para a saúde física e mental, provocando uma redução em sintomas de depressão, ansiedade, raiva e angústia. Eles constataram que escrever sobre experiências estressantes também reduz o absenteísmo do trabalho entre os funcionários e aumenta as médias das notas entre os alunos em escolas. Observaram ainda que a prática traz benefícios até mesmo para o sistema imunológico.
Então, se você estiver num aperto, lembre-se de escrever. Às vezes tudo que precisamos é nos comunicarmos com nós mesmos… e fazer terapia!
Psicólogo Leonardo Stoffels
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